domingo, 21 de novembro de 2010

plim plim

[E de repente já é quase Natal. Entro em casa e pela janela entra o frio mas também os plim-plins natalícios, que lá fora, na rua, juro a pés juntos que não ouvi. Nisso Lisboa é mais precoce que Madrid e eu aqui quase que me esquecia que em Novembro se costuma começar a erguer pinheiros em casa e a encher o chão de dourados e prateados que caem de cada arranjo, de cada estrela, de cada embrulho de presente. Que é por esta altura que começamos a ser todos bonzinhos outra vez, a lembrar-nos dos que nos estão mais distantes (não necessáriamente o que estão fisicamente mais longe), e a congestionar as linhas de pagamento por multibanco "sabe, é que agora está tudo a fazer compras ao mesmo tempo, isto está tudo muito sobrecarregado". Eu quase me esquecia de tudo isso, não fosse ter entrado agora em casa e ter escutado plim-plins de Natal - eu juro que eu os ouvi. Não os vi na rua de onde venho agorinha, mas ouvi-os por breves instantes, uns sinos quaisquer que me fizeram lembrar o meu Natal de sempre. Provavelmente, aqui, seria o chamariz para alguma manifestação de activistas pelos direitos dos animais, alguma promoção de uma destas lojas que nem ao domingo fecham, a até campainha de bicicleta de algum gay aqui do meu bairro. Tudo menos o Natal, até porque em Espanha ele celebra-se mais tarde e talvez por isso a época demore um bocadinho mais a arrancar. Mas para mim, vou decretar que arrancou hoje. Porque eu juro que ouvi qualquer coisa que não vi, mas que me lembrou que o Natal está aí à porta. Com tudo o que ele possa ter de insuportável, mas também como tudo o que tem de previsível, mas muito bom.]

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