segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

lunch break

Hoje acordei e havia neve. Branco por todo o lado. Em cima dos carros, em cima dos bancos, em cima dos marcos do correio, em cima de partes do chão. Nos cantos onde se matam baratas com botas bicudas. Arrepio na espinha, tremelique na alma. Onde estou, quem sou, para onde vou. E o frio nos ossos. Pensar que nesta mesma cidade, há quatro meses atrás chorava do calor que me secava o espírito. Agora desejo mantinhas enroladas nos pés e sacos de água quente encostados ao peito. Agora não sei se quero estar aqui, nesta que parece ser uma vida emprestada e não a minha. O meu outro "eu", numa outra cidade e num outro trabalho. Onde inspirar é difícil e expirar é uma raridade. Onde não há tempo para nada e tudo por fazer. Onde me dão tecnologia para não me perderem o rasto, para saberem de mim, para me dizerem coisas. Coisas importantes, importantíssimas, as mais importantes e urgentes de sempre. Só para eu não dormir descansada, porque o dia acaba mas a cabeça não. Nem as tecnologias. É tudo muito rápido, rapidíssimo. Tudo rola e cada coisa feita significa outras vinte por fazer. Reorganizam-se as prioridades, fazem-se novas listas, iniciam-se outros ciclos. Tudo sempre a correr. Pelo meio visita-se o "eu" original, na cidade de sempre, nos abraços mais quentes, nas palhaçadas resistentes. E depois outra vez o regresso ao novo "eu" - o emprestado. O dos saltos altos, o dos caules nas mãos, o dos troleys para cá e para lá, o do speed. O do "agora isto, depressa", "agora aquilo ainda mais rápido". Aquele onde me pergunto se alguma vez na vida fui assim tão indipensável como pareço ser agora (pareço, só). Aquele que me convidaram a conhecer e eu aceitei, feliz. Mas hoje, neste "eu" de cá, tanto fora como dentro, cai a neve branca e fria.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Primeiro dia de Inverno "à séria" em Madrid. Prevê-se o pior.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

"toma mar"

Esta manhã recebi "mar" por correio electrónico*. Primeiro sorri, depois estranhei. E finalmente, mergulhei. Virtualmente. Olhei, olhei, olhei, e de tanto olhar comecei a desfocar. De repente, estava lá dentro e a sentir o arrepio do azul, o infinito do fundo, o salgado. Tive sede. Recordei e mentalizei: até já.

*(alguém que sabe que, de onde estou, uma visão destas precisa de percorrer uns 500km. obrigada M.)

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

castelos de algodão doce

1) porque este blog precisava de qualquer coisinha para espevitar (ou ainda me desactivavam a conta);

2) porque eu queria muito ir mas a fronteira não me deixa passar (e então que vão por mim, please)

3) porque mais vale tarde que nunca e embora o lançamento seja já amanhã, pode ser que eu ainda mova para aí umas duas pessoas (das três que aqui venham espreitar);

4) porque este é um projecto que não me importava de ter sido eu a fazer (e então a publicidade é tipo terapia anti-inveja);

5) mas sobretudo, porque conheço bem as duas pessoas que dão este testemunho e que sei que o fazem com toda o coração e honestidade;

6) (last but not the least, porque a compra de cada exemplar reverte a favor da AMI).

Por tudo isto e porque amanhã é sexta-feira e a o LX Factory é um belo sítio para passar o fim de tarde, não deixem de subir a estes castelos. Sintam-nos e deixem-se por lá ficar. Constatem que bonita é a vista... e como ainda temos tanto para conhecer.



terça-feira, 13 de outubro de 2009

o melhor presente de anos*

"(amanhã vou ao escritório da tia Rosarinho)... e vou depois à Espanha da tia Vera!!", pela minha sobrinha número dois, de 3 anos, emocionada com o facto de eu fazer anos no dia seguinte... e sabendo que agora vivo para outras bandas.

* ou "inocência pura e dura + a maior das boas vontades"

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

desabafo

Porque é que, de cada vez que o caminho ou a passagem se estreitam e alguém tem de deixar alguém passar, se me aparece sempre um raio de um espanhol à frente? Esta cidade está ao barrote.

domingo, 27 de setembro de 2009

(...)* our blue and green

*(also missing)



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sexta-feira, 11 de setembro de 2009

q u e s t i o n m a r k

Aqui, ali, onde estou, de que sou. Quem me espera, quem me nega, o que me rega. Quero, não posso. Posso, não quero. Palpita, aperta, bombeia, esperneia. Escorrega, transparente. É dura, é seca, é quente. E aperta. E desperta. De quem sou, o que levo atrás, quem me traz. De volta. Ao mundo, ao sonho, ao chão. O mar, o tecto, a parede. Que é torta, absorta e revolta. Onde vai, onde ficou, quem sou. Quem me chama, o que teima, porque queima.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

(...)* my blue

* (missing?)











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quarta-feira, 2 de setembro de 2009

prometo a mim mesma que é só desta...

( só e só desta) vez que tiro o chapéu a essa instituição maléfica que é a TV Cabo - ou melhor, a Zon, que é um nome muito mais moderno e pomposo, apesar da m**** continuar a mesma.
Pois que a "simpática" Zon é das poucas empresas que apresenta na sua página de internet um número de contacto para quem liga do estrangeiro. Eu li mesmo bem (apesar de incrédula): "Clientes que queiram ligar do estrangeiro, número tal tal tal".
Ora, ou estes senhores são muito à frente ou estes senhores são tão atrás - e estao tão conscientes disso mesmo -, que sabem pefeitamente que até no estrangeiro serão sempre uma tremenda dor de cabeça para aqueles que um dia ousaram tornar-se seus clientes (e que não conseguem deixar de o ser).
E já que me deram música ao telefone, aproveito para me indignar publicamente pelo facto de, apesar de ter rescindido o meu contrato há três meses, eu continuar a receber facturas em casa, num pinga-pinga mensal que é tão atrevido quanto enervante. Mas hoje, precisamente a ligar do estrangeiro, esta história terá um fim e assumirei para todo o sempre que esta nunca passou de uma relação falhada.
(e já tenho a orelha a arder...é bom que o Bruninho volte rapidamente com a típica lenga-lenga do "senhora dona Vera, muito obrigada pelo tempo que esteve e aguardar, bla bla bla..." e que, para bem do seu próprio pêlo, traga as boas-novas que há muito desejo ouvir.)

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

se bem me lembro

Assim de repente, já perdi:

- uma carteira em Itália
- uma carteira no Chile
- uma carteira em Espanha
- um cartão MB no México

Fora as que ficaram em terreno nacional e todos os outros tipos de objectos que terão ficado por mãos alheias, tais como chaves de casa, chaves de carro e telemóveis. Isto tem sido um forrobodó. Mas continuo a achar-me um óptimo partido (eu e a dona Ermelinda - a minha professora da primária que sempre me teve em boa consideração).

Oficial...

... e científicamente provado: não consigo ser uma cidadã legal por tempo superior a mês e meio.
O meu cartão de cidadão novinho em folha (um parto muito penoso e lento) não chegou sequer a aquecer a carteira. A carteira, essa, voltou a escorregar-se-me das mãos - depois de alguns ameaços credíveis -, desta vez deixou-me mesmo; andará por esta altura a rebolar no colinho de outro. Esse outro vai-se rir quando vir que, mesmo ao lado do cartão de cidadão, está o papelinho mágico com todos os códigos de renovação e afins do dito cartão (dá jeito que estejam juntos...). Bom, mas o mais certo é esse alguém não perceber nada do que tem em mãos, porque será espanhol... Espanhol, esse, que não irá certamente longe com as as únicas moedinhas que terá encontrado no interior (e que ainda por cima são mexicanas; o meu ar de nórdica cheirava a dinheiro abundante, mas houve um erro de casting por parte do oportunista). Carta de condução, cartões de débito, o belo do cartão matriz da querida CGD, bla bla bla, já se sabe o que aí vem agora. E à distância de uma fronteira - que é para tornar tudo ainda mais giro. Ó p'ra mim sempre a inovar (e a penar, também)!

terça-feira, 11 de agosto de 2009

este país não é para pobres

café em qualquer lado - 1,5€

cerveja num qualquer bar - 4€
sopa numa simples hora de almoço - 7,5€

onde raio vim eu parar?

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Carta ao Jonas

Caro João José Barradas Baptista, se me estás a ler:


Obrigada por fazeres com que hoje esteja a teclar neste meu brinquedo branco novinho em folha. Não mo ofereceste, não violei a tua conta bancária nem o teu Visa, não assaltei a tua casa e nem sequer sei quem és ou por onde páras. Mas devolveste à Fnac um computador que me quiseram vender como sendo novo. Eu cheguei a casa, em delírio com a minha tão sonhada e sofrida compra, e eis que me deparei com a tua tromba, todo tu gordinho e cheio de barbas, a sorrir imenso de felicidade - tal e qual eu instantes antes. Falaste no messenger, viste filmes, instalaste coisas e depois por alguma razão devolveste a máquina, não ficaste satisfeito. Tal como eu não fiquei quando te vislumbrei pela primeira vez. Como se não bastasse, bloqueaste o computador a quem não soubesse a tua password e eu não tive outra hipótese senão fazer, também eu, uma implacável devolução. Mas hoje agradeço-te porque me fizeste ir à luta e andar de Fnac em Fnac à procura de um novo e seladíssimo computador, sempre a levar com a porta na cara. Sempre "too late", sempre esgotado, sempre fim de stock. (Nos entretantos, a tua cara a aparecer-me em sonhos, sorridente e feliz e eu com vontade de estrangular-te e cortar-te em postas. Também eu a querer matar o menino da Fnac que se esqueceu de formatar de novo o computador - eu não teria dado por nada nem nunca me teria sentido enganada!) Mas obrigada. Porque na última jogada acabei por encontrar, órfã e perdida a precisar de carinho, a máquina com que sonhava há meses, mas o modelo acima e ao mesmo preço. Que chato. Foi caído do céu e a recompensa por ter sido persistente. Ou foi uma mãozinha tua. Tu sabias, não era? Sabias que no Corte Inglês alguém se enganaria a colcar o código de barras e eu acabaria por fazer o negócio da vida, não era? Melhorado e mais bonito mas a valer o mesmo que o antigo. Esplêndido, obrigada. Achaste foi que ainda assim não estava a ser suficientemente merecido e aumentaste o degrau e a valeta que estavam onde eu tinha o carro estacionado. Ainda te riste um bocado com o meu brutal estatelamento no chão, de computador recém-adquirido na mão... pois, eu entendo. Eu também me ria, se fosse com outro. Um pé torcido em dor lacinante há dois dias, uma mudança de casa para fazer em pé coxinho... mas um Mac novo na mão... tu consideraste uma distribuição justa. E eu olha, que remédio senão achar o mesmo. Além disso, fizeste-me confirmar que a vida não é fácil e que as vitórias sofridas são as que sabem melhor - obrigada uma vez mais. Poupei dinheiro na concretização deste velho sonho/fetiche/tira-teimas/capricho. Gastei algum em pomadas e meiazinhas-elásticas, é certo. Mas, ainda assim, se for para trazer destes bens ao mundo, afinal podes sempre voltar. Grande Jonas.

relendo o post anterior

(às vezes sofro de sentimentalismo saudosista crónico)

sexta-feira, 17 de julho de 2009

até já

Hoje sou eu quem parte e, irónicamente, sou eu quem vai apagar as luzes e fechar esta porta que abri durante quatro anos, num gesto que terá tanto de cinematográfico como de surreal. Visualizei este dia várias vezes, sonhei com ele outras tantas. Mas nem me dei conta de como se foi aproximando, de fininho, ameaçando ser mesmo verdade. E na hora dessa verdade, fico só nestas paredes, a fazer hoje o que já não poderei fazer amanhã. Porque o amanhã já não vai existir. Não aqui, não assim, não dentro desta porta, debaixo destas luzes, ao lado destas pessoas - com estas pessoas, por estas pessoas. Não com o rio à minha direita, não ao som deste telefone que não acredita que já todos foram de fim-de-semana, não ao sabor das graças do recepcionista que merece todo este mundo e o outro. Irei para outras bandas. Não sem antes passar pela despedida, este acto doloroso ao qual umas vezes me rendo, outras vezes finjo apenas que não existe. Dói. Mas por pouco tempo. Custa. Mas só até vir outra coisa. É deixar para trás. Não, é olhar para a frente. É chorar. Ou será rir de alegria? É ter de esquecer ou é querer lembrar sempre? É saudade antecipada ou é medo do que possa vir? É "até sempre" ou é "finalmente livre"? É conforme bate o vento, parece-me. É o que eu quiser que seja. Se calhar nada disto, provavelmente, um pouco de tudo. É assim. Porque tem de ser assim, porque a vida é bola para a frente e tristeza para trás. E é uma catarse boa, mas eu preferia que não existisse. Pelo menos aqui e agora, pelo menos quando todos me abraçam e me sorriem, cúmplices, nervosos, excitados, generosos, oferecendo presentes e palavras bonitas. Exultando, recordando, emocionando, despedindo-se, um a um. Amanhã será doce, para já, ainda é esquisito.
Hoje, aqui só, vou apagar estas luzes pela última vez. Amanhã, encontrarei outras para acender. É só mais um ciclo a fechar-se e outro a iniciar-se. E pronto. Vou mas é curtir; que isto a vida são dois dias e um, certamente, não será para deprimir.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

cor de burro quando foge

Nos dias que correm sinto-me uma pessoa sem graça. Não ando a acompanhar nenhuma série de Tv, não ando a ouvir até à exaustão um específico Cd no carro, não estou a seguir nenhuma tendência de moda em particular, não vou ao cinema há uns tempos, não descobri nada de excitante no meio da rua, ou de um jornal, ou de uma revista. Continuo sem ter um i-pod, um i-phone ou qualquer outro “i” que não sejam os “ais” da vida, não cometi nenhuma loucura, não perdi o fôlego com nada, nem o piu, nem o chão, nem sequer a carteira. Continuo sem fazer o malfadado relatório de estágio, continuo a cheirar ao mesmo e duvido muito que algum dia mude de colónia. Ainda não cortei o cabelo como queria. Não tenho fotografado o que desejava, não tenho sequer sonhado muito. Continuo a não saber ainda o que vou vestir nas vésperas dos casamentos. Não me esfolo por nada nem ninguém em especial, agarro o que se me atravessa à frente. E os meus dias seguem-se assim, neutros e amorfos, sem luz, nem dialectos, nem delírios nem espantos. E há também a forte possibilidade de estar a exagerar, mas porra, não há por aí uma Gripezinha A só para diversificar um bocado a rotina? Isto deve ser do calor, dá-me para os disparates.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

brigde(ing)

porque este fim-de-semana também houve praia.



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sexta-feira, 3 de julho de 2009

hoje só quero...

sal no corpo
...
passado na cabeça
...
futuro nas mãos
...
...

segunda-feira, 29 de junho de 2009

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Modernices II

Cenário: um Smart, duas gajas, um fim de dia de bafo inacreditável. Uma dá boleia à outra, do trabalho para casa; uma guia, a outra lamenta-se “Cruzes, que calor, só me apatece bater em alguém, não aguento este bafo!”.
E de novo uma: “Pois, nem eu... Ainda por cima neste meu estado de graça!”. A outra está distraída com o telemóvel e soletra qualquer coisa do tipo “yeah, right”. No segundo seguinte fica sem pinga de sangue e roda a cabeça “Estado de quê?? Tu não estás em estado de graça...! – silêncio... calor... – Aaaahh, tu estás em estado de graça!! TU estás grávida?”.
Uma ri-se, meio embaraçada, meio esfusiante, e confirma “Sim!” e a outra só quer de repente apertar a buzina da viatura e gritar “Feto a bordo! Feto a bordo!”, com o bafo ainda mais quente a bater na cara e as emoções ao rubro. “Não acredito! Parabéns! Lindo! Estou arrepiada até ao osso e não sei se hei-de rir ou chorar!”.
Uma conta que foi nesse dia ao médico confirmar tudo e que está muito feliz, que é uma nova fase de vida, que o namorado/marido também está que nem pode e que lá para Fevereiro salta o Aquário ou o Peixes cá para fora.
A outra – eu - não acredita que uma notícia deste calibre lhe é transmitida dentro de um carro em andamento, mas bate palmas de contentamento e pensa: porra, é isto a p*** da vida a fluir!
Parabéns F&F, a novidade não podia ser melhor.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Modernices

Depois de largas semanas sem ver as minhas sobrinhas, consigo finalmente montar uma combinação para passar o feriado com elas. Na véspera, ao telefone com a mais velha:
- Que saudades, Carmo!
- E eu... e eu! - Carmo ainda a tentar decifrar o será isso de ter saudades.
- Amanhã é que vai ser, hein! Tantas brincadeiras!
- Pois é... E vou levar o Magalhães, tia Vera! Agora tive de pô-lo a carregar e vai ficar a noite toda... porque estava sem bateria. E assim, se eu carregar a bateria eu posso levar amanhã também para brincarmos e jogarmos.
E naquele momento, encravou-se-me uma espinha de sardinha na goela. Até hoje. Pior, o feriado passou e eu efectivamente brinquei e joguei no Magalhães (aargh, que nome odioso e que ainda por cima é frequente eu trocar por Guimarães). Só ainda não decidi se fico orgulhosa pela agilidade com que a criança usa, por exemplo, uma webcam, ou se fico em estado choque pela extrema modernidade do "brinquedo". E os peões? E os lápis de cera? E as barriguitas? Pelo sim pelo não levou uma ensaboadela de uma aula de pinos e rodas, não fossem os músculos da menina estarem meio entorpecidos. Eu, hein!

terça-feira, 26 de maio de 2009

Desculpe...?

Entro, dou a volta pelo sentido do costume e com o constrangimento típico que me ataca de cada vez que entro numa loja e a(s) menina(s) insiste(m) em não desgrudar os de cima e em tirar-nos as medidas todas, até a do tamanho da unha - sempre uma mãozinha por cima da outra, os braços caídos para a frente do corpo, um pé ligeiramente de lado e a respectiva perna inclinada, semi-aberta, como que a suportar a seca descomunal que é estar ali de pé o dia todo.
Vejo, mexo, gosto e vou experimentar. Serve e acho que assenta bem – e estranho, porque nunca pensei comprar efectivamente alguma coisa naquela loja. Olho para o preço outra vez; confirma-se que é dado (e se eu gosto destes achados) e vou pagar, seta, sem hesitações e sem olhar para trás, para não me arrepender nem me emocionar com mais nada.
Pergunto no fim, enquanto recolho o cartão: “Desculpe, que cor é esta?” – as luzes destas lojas com a mania que são "fashion" muitas vezes enganam e bem.
A moça diz que é verde sem qualquer sombra de dúvida. Depois pondera: “Quer dizer, é caqui ou castanho, acho... Mas não, é verde, é mesmo verde, sim”.
Eu remato com a clássica (falta de) graça do “Ah, deve ser cor de burro quando foge” e ela sorri enquanto leva as mãos ao produto em questão, num gesto claro quem não ficou convencido nem sequer com a própria resposta. “Olhe, nada disso. É cor de elefante, é o que está aqui na etiqueta... Agora há estas coisas, cor de elefante”.
E eu confesso que fiquei na dúvida, se a menina com ar de seca estaria a gozar com a minha cara para tornar o dia dela menos monótono ou se seria mesmo verdade. E sim, por estranho que pareça, agora há mesmo“destas coisas”. O nosso mundo ganhou mais uma cor e eu um novo estado espírito (não sei ainda definir qual, mas não deve ser grande coisa) quando andar a passear umas fantásticas calças cor de elefante estrada afora. Mas vá... de elefante, antes a cor que a pata.


segunda-feira, 18 de maio de 2009

Switch off

Se não posso ter o melhor de dois mundos, então escolho ter o melhor do meu.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

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Estamos rodeados - todos, sem excepção. Não conseguimos estar sós e se calhar nem queremos. A informação flui e não pára nem um segundo. Os e-mails caem como chuva molha-parvos, a internet faz-nos deambular horas pelo mundo virtual, quais elefantes de nenúfar em nenúfar. O facebook actualiza a cada centésima de segundo. O messenger abre janelas com a mesma frequência com que se coça um cão com pulgas. Falamos por códigos, por msn, sms, mms. Twitamos, partilhamos, divagamos, simulamos, dissimulamos, ganhamos “amigos” à distância de movimentos simples da falange – ou da falangeta, tanto faz – combinamos, descombinamos, rimos, imaginamos, recordamos, idealizamos. Vivemos - desta forma abrupta que não nos deixa parar um segundo – ao sabor de frases curtas. No computador, na internet, no telefone, nas galerias de imagens, nos Flickr’s da vida, nos blogues, nos sites pessoais, nos nossos mundinhos. Acreditamos que nos conhecemos todos e no entretanto a informação não pára de chegar, de pingar, de afectar. As notícias – as boas e as más – os acontecimentos culturais, os jantares, os encontros, as desinças de “viver cada dia como se fosse o último”, o amigo que vai, o amigo que chegou, mais um e-mail, mais uma combinação, uma perspectiva de emprego novo. Uma ilusão, uma desilusão. Por entre tudo, ainda trabalhamos. Esforçamo-nos, suamos que nem porcos, desesperamos, ponderamos escolhas, partilhamo-las directa ou indirectamente por meio de um teclado, uma web-cam, um chat. E a informação não pára. Energias que criam energias. Sinergias, parcerias, acrobacias. Para nos safarmos todos neste mundo cão - cada um com o seu, cada um no seu, cada um para o seu. Mas todos atrás dos sonhos, da informação, da solução, do ar. Aquele que respiramos e desperdiçamos. Porque chegou mais um mail, um sms, um telefonema. E nem sequer saimos dos mesmo lugar. Estamos rodeados, todos, sem excepção. Não conseguimos estar sós e se calhar nem queremos.

Isto não é revolta, é cansaço.

* meaning "need to breath"

sexta-feira, 1 de maio de 2009

[ These yellow days ]

[ um sabor ] [ uma molha ] [ uma inspiração ] [ um passeio ]
[ uma exploração ] [ uma companhia ] [ uma despedida ]
[ uma loucura ] [ uma solidão ] [ uma vontade ] [ um caminho ]
[ uma parvoice ]

[ não necessariamente por esta ordem ]
a
[ ... ]
a
[ ]


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segunda-feira, 13 de abril de 2009

Obrigada, Zé Tó

Quando se chega ao fim da pior segunda-feira dos últimos tempos - transportando para casa a mais inesperada neura dos últimos meses e os olhos meio vesgos pelas lágrimas que uma música bem deprimente ajudou a puxar – quando o cenário de miséria é este e o telemóvel toca para alguém* do lado de lá me pedir que guarde aquele número para tudo o que eu precisar e para me dizer que estará sempre disponível para mim… a isso chama-se, talvez... um enorme sentido de oportunidade.
*Ok, era só um empregado bem mandado pela da minha companhia de seguros a informar que abriu uma nova agência com horários alargados que, acha ele, me vão dar imenso jeito e que vão tornar a minha vida maravilhosa e bla bla bla. Mas pelo sim, pelo não – e pela convicção com que se apresentou ao serviço – gravei o número do José António. Que isto nunca se sabe quando a neura bate à porta e não há nenhum amigo com quem brincar.

Behind Easter Eggs Scenes



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