terça-feira, 26 de maio de 2009

Desculpe...?

Entro, dou a volta pelo sentido do costume e com o constrangimento típico que me ataca de cada vez que entro numa loja e a(s) menina(s) insiste(m) em não desgrudar os de cima e em tirar-nos as medidas todas, até a do tamanho da unha - sempre uma mãozinha por cima da outra, os braços caídos para a frente do corpo, um pé ligeiramente de lado e a respectiva perna inclinada, semi-aberta, como que a suportar a seca descomunal que é estar ali de pé o dia todo.
Vejo, mexo, gosto e vou experimentar. Serve e acho que assenta bem – e estranho, porque nunca pensei comprar efectivamente alguma coisa naquela loja. Olho para o preço outra vez; confirma-se que é dado (e se eu gosto destes achados) e vou pagar, seta, sem hesitações e sem olhar para trás, para não me arrepender nem me emocionar com mais nada.
Pergunto no fim, enquanto recolho o cartão: “Desculpe, que cor é esta?” – as luzes destas lojas com a mania que são "fashion" muitas vezes enganam e bem.
A moça diz que é verde sem qualquer sombra de dúvida. Depois pondera: “Quer dizer, é caqui ou castanho, acho... Mas não, é verde, é mesmo verde, sim”.
Eu remato com a clássica (falta de) graça do “Ah, deve ser cor de burro quando foge” e ela sorri enquanto leva as mãos ao produto em questão, num gesto claro quem não ficou convencido nem sequer com a própria resposta. “Olhe, nada disso. É cor de elefante, é o que está aqui na etiqueta... Agora há estas coisas, cor de elefante”.
E eu confesso que fiquei na dúvida, se a menina com ar de seca estaria a gozar com a minha cara para tornar o dia dela menos monótono ou se seria mesmo verdade. E sim, por estranho que pareça, agora há mesmo“destas coisas”. O nosso mundo ganhou mais uma cor e eu um novo estado espírito (não sei ainda definir qual, mas não deve ser grande coisa) quando andar a passear umas fantásticas calças cor de elefante estrada afora. Mas vá... de elefante, antes a cor que a pata.


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