segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

E ontem foi o último Domingo...

... de 2008.


domingo, 28 de dezembro de 2008

Again?

Pronto, agora vou desabafar um bocadinho sobre um dos meus Top Karma: xaraaaam, perder carteiras. Ora, ainda 2009 não entrou e esse meu precioso bem já se encontra novamente em mãos alheias. Este ano bati todos os recordes e só me resta confortar-me pensando que ainda bem que não fui de escantilhão para a Loja do Cidadão renovar os documentos da última vez que aconteceu o mesmo - isto é, há dois ou três meses atrás. Abro parêntesis: errado. Eu devia ter feito os documentos, eu não posso andar não-identificada nem passar na Polícia a dar baixa dos documentos de cada vez que preciso deles para, por exemplo, levantar um carro rebocado (outro karma). Não é prático e às tantas a consciência pesa.
Mas adiante, fecho parêntesis; desta vez fui escandalosamente roubada por entre os empurrões e os amassos de uma típica rua de uma típica noite de Bairro Alto. E a noite até parecia tranquila. Debandada de repente? Olha.me este, não tinha mais sítio por onde passar? Cuidado aí com essa malta que está a passar com um ar esquisito… e às duas por três, mão na carteira para ver se está tudo nos conformes e claro que já não está. Acalmem-se os demais porque se eu estou por perto certamente a vítima sou eu e só eu, numa espécie de atracção fatal, quiçá proveniente deste meu ar de bifa. Logo eu, que raramente ando com dinheiro vivo (valha-me isso, só levaram talões de compras)... Ainda assim, causaram alguma mossa, quanto mais não seja à minha mãe, que se amargura severamente por não ter uma filha adulta e responsável e que passou mais um agradável serão a ajudar-me a cancelar cartões e coisas desse tipo, de pessoa crescida. Um grande bem-haja à minha mãe, por até já ter guardado o número da SIBS e do meu Banco e tudo e tudo. Além disso, pela dose de paciência que tem sempre de reserva para estas situações - é uma querida.
E é isto, estou outra vez descalça e o assustador é que isso já nem me faz confusão. Ao menos que tivesse sido antes do Natal, podia ser que alguém se chegasse à frente com uma carteira nova e cheia de boas energias anti-roubo e anti-despistanço. Enfim, recomeça o ciclo.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

25 de Dezembro

Apesar da enfermidade, fui espreitar o dia de Natal mais bonito de todos os meus anos de vida.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Christmas Carol *

Eu estou óptima.
Eu não sinto tremores.
Eu não tenho a testa quente nem as mãos e os antebraços frios.
Eu não estou com uma tosse que mais parece que me vão saltar os brônquios pela goela.
Ainda não espirrei hoje.
Nem há qualquer hipótese de passar a quadra natalícia de molho, a ver os sonhos e as rabanadas passarem-me à frente dos olhos, altamente desfocados.
Eu juro, mas juro mesmo, que me sinto fina que nem papel.

*ou:
Se eu não acreditar em mim, quem acreditará?

sábado, 20 de dezembro de 2008

Hoje foi paz

R39 J4919


sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Eu fui...

... ontem à noite à Rua Poço dos Negros, em Lisboa.
E vi um senhor vestido de Árvore de Natal a chorar, escrevi num rolo de papel gigante uma frase solta de um fado e encontrei ventoinhas numa montra de farmácia a virar as páginas de livros. Vi ilustrações na mercearia, instalações na drogaria, esculturas na florista. Ouvi música no talho, vi arte em video no meio da rua e descobri cadeiras numa sala escura.
Rua acima, cheirei a emoção deste happening original. Cruzei-me com gente de todos os tamanhos e feitios. Enterneci-me com a dona Patrocínia, eufórica e maquilhada para sair à noite no seu próprio bairro.
Tudo isto, por um simbólico euro – o preço da cervejinha que me gelou as mãos mas que me aqueceu o espírito. Foi muito bom. E devia acontecer mais vezes.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

A shy tribute

Pelo que já andámos juntos, pelo que ainda iremos palmilhar. Porque, apesar de feios e sapudos, são os que me levam onde quero e não quero.
E porque gosto de polaroids (mesmo com rolos fora da validade).

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Dlim dlão...

Dlim dlão (segunda vez)!
- Sim...?
- É a Polícia.
Puxo a alavanca vintage para abrir a porta e fico à espera, impaciente e com a toalha enrolada na cabeça (pronto, lá vêm estes chatear logo de manhã, já vou chegar atrasada... e vão querer saber quem é que esteve no prédio no fim-de-semana e o que a aconteceu às obras e o que é que eu acho do vizinho de baixo e bla bla bla; só pode ser isso, não roubei nada, não matei ninguém e que eu se saiba ainda não se é preso de manhã por falta de documentos).
- Bom dia, minha senhora.
- Sim...? – sem ver ninguém; o senhor não sobe. Diga, diga...
- A senhora tem o seu carro estacionado ali no parque da Embaixada, é um Citroen assim assado, e com isto e com aquilo e bla bla bla?
- Erg... Sim, tenho (e a pensar na carta de condução que não tenho, no BI que ainda não actualizei)...
- Então o melhor é ir lá tirá-lo já senão vamos ter de rebocá-lo. Bom dia e obrigado.
E nesse instante passam-me pela cabeça todos os euros deitados fora no último episódio destes – os da multa, os do reboque, os do parque para onde foi rebocado, a gasolina para lá chegar, o suborno de uma amiga para vir lá comigo às onze da noite... E mais dizem que foi bonito de se ver, com brigada de Minas e Armadilhas e tudo a que tem direito. Tiro a toalha da cabeça e vou a voar. Penso em como é que esta gente saberá que sou eu a dona do Citroen bla bla bla e que moro no 2º direito do número 6. Mas mais do que tudo, penso noutra questão relevante: estes senhores simpáticos de hoje não podiam ter tido a mesma “atençãozinha” da outra vez, já que sabiam do meu paradeiro?? Poupavam a maçada às Minas e Armadilhas... e o meu bolso tinha agradecido loucamente. Ainda assim, avé senhor guarda, obrigada por me salvar a pele desta vez. Adeus e até à próxima que, ou muito me engano ou até nem tardará ssim tanto. Uma questão de karma.

sábado, 13 de dezembro de 2008

É melhor é ir ver se está a chover

Hoje sonhei que estava na maternidade com várias amigas - todas a termos imenso filhos e todos eles com imenso cabelo.
E agora estou para aqui com a sensação de que tenho maminha para ir dar.
Mas não, parece que não. Mantém-se tudo normal. E realmente hoje chove como eu nunca vi.

* ou:
"A porra do relógio biológico contra-ataca?"

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Ainda assim...

E porque tristezas, thank god, não pagam dívidas:

http://www.youtube.com/watch?v=7zB0RygrYy8&feature=related

Ai, raios partam...

... a bancarrota sentimental que está invariavelmente a meus pés e que eu não consigo parar de contemplar e namorar com os olhos de quem quer ter e absorver só para si. Agarro-me ao que tenho à mão, ao pé, à cintura, amarro-me com cordas de barco e consigo manter-me sã e salva - e orgulhosa! Mas não por muito tempo.
Afinal, que graça tem isto de nada me afectar, de não ter o precipíco a meio centímetro do meu corpinho e de conseguir distanciar-me tranquilamente do que me fere? Deixem-me lá espreitar, vá lá, não custa nada, prometo que não caio.
Mas podes escorregar, vá, chega-te para trás... Além disso tens vertigens, não vai ser bom para ti. Vai fazer outras coisas e procurar o que te faça sentir bem.
Mas eu acho que preciso de ver de perto e sentir o golpe a furar-me a pele. E depois, quem sabe, ter até um bocadinho de pena de mim mesma. Depois chorar. E depois então levantar-me e libertar-me da bebedeira de sentimentos negativos, crendo que estou pronta para outra.
Até que outra chega de verdade. Recordo o buraco em que estive e não quero repetir. Mas vá lá, deixem-me só espreitar, que eu prometo que não caio.

Chama-se a isto atracção pelo abismo.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Futurologia pelo método "O Segredo"

Em 2009 vou fazer novo BI, porque o velho ficou algures no Chile, entre o ferry de Puerto Montt e o vulcão Osorno, já lá vão mais de dois meses.
Em 2009 vou fazer nova carta de condução, não vá a polícia parar-me.
Em 2009 vou desafiar menos vezes a reserva do carro.
Em 2009 vou entregar os exames médicos feitos em 2007 .
Em 2009 vou pedir o meu certificado de habilitações (o que inclui fazer o relatório de um estágio concluído há quatro anos).
Em 2009 vou arrumar profundamente o meu quarto.

Pronto, agora só tenho de acreditar muito, muito, muito.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

E contra toda a ordem estabelecida...

Fui-me ao Pai-Natal, que se lixe.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Ashes and wine

E hoje a dor. Aquele aperto no peito que vem de fininho e que não matando, vai moendo que nem caruncho. Que parece não passar de uma grainha mas que, vai-se a ver, já ganhou vida própria e já ultrapassou o volume de um camião tir.
Camião tir... tira-me mas é daqui, que este fosso é escuro e eu não vejo a saída.
Dá para falar?
Dá, pois claro que dá. Mas quando eu souber o que dizer. Se chegar a saber.
Não é melhor esclarecer?
Tentar já não será mau. Daqui a bocado.
Mas e a dor? Não estava forte? Não te queres libertar dela?
Deixa-a estar. Prometi-lhe que lhe dava abrigo, um bocadinho só. Até sermos uma só e nos resumirmos, cada uma, à sua triste insignificância.
Não faças isso, vais dar cabo de ti. Não faças de ti carne para canhão.
No canhão já eu estou e não descubro a porta da saída. Era ali, mesmo ali... parece que vejo uma luz mas de cada vez que me chego perto ela chispa-se. E enquanto eu não acender a luz, esta maldita dor não se vai apagar, a filha da mãe. Chata.
Talvez se eu respirar fundo três vezes esta moela trituradora comece a ocupar menos área. Com mais espaço conseguirei abrir melhor os olhos, imagino, e é possível que as minhas retinas se vão habituando ao breu que me enxovalha neste buraco. Talvez se for tacteando este espaço exíguo o comece a entender como ao meu próprio corpo e ele se torne menos sinuoso. Lá estará a luz, nessa altura, a indicar-me o sentido. Vou perceber que ela sempre esteve lá, que eu é que fechava muito os olhos sempre que me aproximava dela. Com medo da cegueira. E se calhar nessa altura até tudo não terá passado de um sonho mau.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

...

E de repente, o silêncio. A mosca que não passa, o espirro que ningué solta, o telefone que não toca. O silêncio. Só e apenas a vibração de alguns teclados - poucos. E de alguns ratos de computador - tic...tic tic. O chefe que não está e não esbraceja, a contabilidade que só grita à quinta-feira, dia de pagamentos. As reuniões fora que roubam um terço de quantos somos, as férias que resgatam outro terço, a melancolia dos que cá ficámos. O frio lá fora, irritantemente gélido, os carros que deixaram de passar há largos minutos. Terá acontecido alguma coisa? Ameaça de bomba e ninguém avisou? O telefone que continua a não tocar e as ideias que não fluem, as novidades que não chegam, os mails que não caem. Os clientes que não barafustam, os fornecedores que não pedem dinheiro, as conversas paralelas que não existem. Cada um metido com o seu mundinho. Cada mundinho na sua galáxia. Ninguém, na verdade, está aqui. O silêncio. As formigas a rastejarem – ah não, aqui não há formigas. As moscas então – não, também não se ouvem, talvez não existam também. Os teclados? Sim, os teclados. Esses e só esses.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

'Tá bem, 'tá

Feriado.
- 30 ºC
Duas sobrinhas eléctricas.
À entrada do Pingo Doce.

A mais nova (três anos):
- Olha... uma ávore de natal com muitas pendas... é todas pa nós?
- Não... os presentes de Natal são para os meninos todos do mundo! - arrisco puxar pela solidariedade típica da quadra natalícia.
Breve silêncio.
- Oh! Mas não chegam pa todos!

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Analogias pós-serão

Três sobrinhas aos "olhos"de uma Polaroid cujo rolo está passado da validade há cinco anos.

As mesmas três sobrinhas aos olhos de uma delas, num rabisco que demorou menos cinco minutos.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Natal antecipado*

Um dia irás à Feira da Ladra e alguém te dirá para levares o que quiseres da banca, que tudo aquilo que até então custava talvez uns 50 cêntimos pode ser levado por zero. Que é só escolher, menina, é só escolher... que eu já estou aqui a arrumar os meus tarecos para ir para a apresentação lá nas Novas Oportunidades.
Mas tem a certeza? Tenho, então não tenho! Leve lá o que quiser... olhe, se não quiser nada leve para oferecer a alguém!

Hoje foi o dia.

*ou:
"Quem pouco tem, muito dá - lição de vida nº 534"

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Sou o Peter Pan

E o meu mundo chama-se Terra do Nunca.
E na minha Terra comemos ilusão ao pequeno-almoço.
E gostamos de voar, é fácil.
E voando temos muitos sonhos, lindos e intermináveis. Alguns parecem reais.
E então consigo ser muitas coisas e ter muitas profissões.
E ao jantar fazem-nos acreditar nos outros mundos e nas outras Terras.
E é tudo lindo.
Só é pena não conseguirmos sair de lá.
Nunca.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Domingo

going to?

coming from?

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Manhãs difíceis *

Pior do que ficar parada no meio duma rotunda a caminho do trabalho por falta de gasolina, só mesmo ser surpreendida pelo próprio do chefe enquanto bato perna até à bomba, resignada à triste figura de ter de ir encher o jerrican e voltar para carro para abastecer à beira da estrada. Pior ainda: isto acontecer num dia em que me lembrei de vestir calções.

* ou "Apetecia-me mesmo era uma manhã diferente e só por isso deixei o carro chegar ao limite (não, não foi preguicite aguda, que ideia essa!)"
ou "Cada um faz a cama em que se deita".

Finally!




terça-feira, 11 de novembro de 2008

Polaroid (bad) Experience *

* ou "Accidental Autumn Frame"

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Pormenores

Casamentos são bons e recomendam-se – para quem se queira meter neles. Para os que vão assistir e participar da alegria alheia são também altamente recomendáveis, sobretudo a partir daquela parte em que um copo já é um convidado especial e em que a vida já só faz sentido em modo tu-cá-tu-lá com toda a gente, tetravós e empregados de mesa incluidos. Até lá, e para as menos práticas nestas coisas - como eu – , vive-se o drama, o horror e a tragédia, ferozmente agravados quando se trata de um casamento no Inverno. O vestido, o soutien, a écharpe, o casaquinho, a meia, a meia suplente, o sapato, a unha da mão, a unha do pé, o cabelo, o penteado, o brinco, o colar, a pulseira, o anel, a carteira - assim de repente consigo enumerar dezasseis alvos a abater, para não referir a depilação que se deseja prévia e regularmente feita. E eu invejo loucamente quem consegue ter toda uma visão global e que a um mês do evento já tem tudo mais do que decidido e esticadinho no guarda-fatos à espera do “dia D”. Já eu, prossigo a minha luta interior e exterior que é a busca, não digo do kit perfeito mas do kit com que já amanhã me apresentarei à sociedade (e que sociedade!). Os alinhavos estão feitos, falta a derradeira prova de fogo: apenas (e apenas!) confirmar que o sapato dá com o vestido, a carteira com o casaco, o brinco com o colar, o collant com o tom de pele, enfim, que a bota bate com a perdigota. A escassas horas do événement, já não há tempo para indecisões nem trocas. Neste momento, seja o que Deus quiser. E “vivós” noivos, que na verdade é o que importa.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Saudade

E agora ele estava aqui outra vez e afinal nada tinha acontecido. Estaria a começar a ir para casa, onde só chegaria em cima da hora do jantar. Pelo caminho ia parar algures para lanchar ou petiscar, dando uso à tão sua arte de bem comer. Depois parava mais umas três ou quatro vezes à beira da estrada para falar com este e com aquele e para oferecer cães, fechar negócios, inventar programas e fazer cinco combinações para um mesmo dia e uma mesma hora – sendo que não faria nenhuma delas mas sim uma outra coisa que só surgiria no próprio dia e afinal muito mais importante do que todas as outras. Durante a viagem até casa, ia pegar no telefone para devolver todas as chamadas não atendidas. Foste tu que me ligaste? Eu? Sim, liguei... mas essa chamada já foi há dois dias! Ah, ok... Mas pronto, não fazia mal e aproveitava para perguntar se estava tudo bem. Quando chegasse a casa ia dar pela falta de qualquer coisa, fosse a carteira que tinha ficado em cima do capot do carro e que tinha voado, fosse um papel importante, fosse um encontro com alguém que estava à espera dele desde manhã. E perguntava o que era o jantar. Provavelmente, ao mesmo tempo que fizesse esta pergunta, estava a atracassar-se aos tachos e então era vê-lo a fazer em três tempos aquilo com que vinha a sonhar todo o caminho – aquela costoleta, aquele arrozinho molhado, aquele bifinho da vazia e, claro, aquela batatinha frita cortada às rodelas depois da faca devidamente afiada (estou a ouvi-lo, vigoroso e orgulhoso: zuc zuc zuc... ah, isto sim é uma faca como deve ser, não é cá estas porcarias com que vocês se amanham). Depois até ia dar gosto vê-lo regalar-se com o seu repasto. O telefone não ia parar de tocar e iamos pedir-lhe vezes sem conta que falasse mais baixo, enquanto dava voltas à casa e arrancava as crostas da cabecinha fracamente povoada de cabelo. Quando finalmente se sentasse no seu sítio de sempre para ver televisão e comentar as varizes da Dalila Carmo - ou que pileca que era a Patrícia Tavares ou que rico decote tinha a Catarina Furtado naquele dia - de certeza que ia querer algo doce. E nessa altura, eu seria a cúmplice e iamos abrir e fechar portas até descobrirmos uma lata de leite condensado ou de pêssego em calda que nos traria a felicidade por meia hora, até enjoarmos. Se tudo falhasse, ele teria um plano B e de lá do fundo, por entre as portas e as novelas, iamos ouvir o tlim tlim tlim da colher a bater na caneca de leite morno com açucar. Por amor de Deus, não tens idade para beber isso. Ah pois não não tenho, vocês é que não sabem o que é bom! Depois os olhos iam começar a fechar, as mãos a pendurarem-se na barriga, os óculos a escorregarem, suaves, pela cara. Ia acordar estremenhado e perguntar por tudo o que não tinha visto, o fim do filme, quem tinha ganho, o que é que o júri tinha dito daquele concorrente. Estás a ver, quem é que sabe? Gostavas de ser assim também, gostavas, de dar opiniões como as dos júris?, gracejava sempre da mesma maneira. E depois ia para a cama aos trambolhões, um passo sempre a ouvir-se mais do que o outro, mas ambos pesados. Ou antes fortes, como ele. Dormiria como um santo, ressonaria como um urso. E acordaria no dia seguinte, como um menino acabado de pôr no mundo. Com tudo para descobrir, com tudo para fazer, com tudo para gozar. Sim, ele é sabia o que era bom.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Lição de Vida, in TVI

Se não queres sofrer apaixona-te por uma porta.

Deep.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

É Novembro, estavamos à espera de quê? *

Saio para almoçar e no elevador alguém diz que está constipado, que se sente doente, que não está muito bem, que nem sequer tem muita fome e bla bla bla. Saio do edifício outro alguém passa e diz que apanhou uma valente constipação no fim-de-semana. Só oiço espirros, quase que vejo os micróbios e as viroses a passearem no ar e a fazerem-me razias. Tudo a assoar-se e que chatice que é o Inverno, atchim, atchim, bolas estou cá com uma carraspana, ó que saudades do Verão e não sei quê. Ranho, lenços de papel, barulhos de quem tem o pingo a cair e tenta trazê-lo para dentro outra vez – ou então não. De volta ao elevador, bem estás cá com uma voz! Pois, é esta constipação que está a dar cabo de mim, não me sinto nada bem, acho que estou a ficar doente, sinto o corpo dorido e outra vez a mesma conversa...
Que seca de gente.

* Ou "Como eu estou irritada por ainda não ter comido castanhas".

sábado, 1 de novembro de 2008

Luz de um sábado de manhã

E os sinos tocam, os pássaros conversam, os aviões chegam e partem, os vizinhos despertam... e eu viro-me para o outro lado e prolongo este momento.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Esquizofrenia à solta em prédio antigo

Sexta-feira, 16h, quase em noite de Halloween. Telefone toca:

- Estou, senhora dona Vera... daqui fala a Graciete, a secretária do Sr Lopes da Silva, o proprietário do 2º frente do seu prédio, como está, passou bem? (...) Olhe, desculpe o incómodo, eu estou a ligar porque estou aqui no prédio com o Sr Lopes da Silva e queremos arrombar a porta do 2ª frente porque não sabemos da chave para entrar. Mas não temos a certeza de qual é a porta e não queremos arrombar a sua por engano!

- Olhe... sobe as escadas e há três portas do lado direito. A vossa é a que está mesmo de frente (2º frente!), no meio das outras duas. Recapitulando: para o lado esquerdo está o 2ºesq, ignore; para a direita tem três portas... aquela que têm de arrombar é a do meio, a que está mesmo de frente. As outras duas de lado são minhas.

Uma hora mais tarde:

- Estou, senhora dona Vera... peço imensa desculpa por estar a ligar outra vez... Olhe, eu nem sei o que dizer, mas aconteceu aqui uma coisa muito chata. É que depois de forçarmos a porta, percebemos que tinhamos arrombado a porta errada. Neste momento já estamos a pôr uma fechadura nova e na verdade eu nem sei onde me enfiar... mas estou a ligar só para pedir desculpa...

Isto é possível? E atenção, Lopes da Silva é mesmo o nome real da personagem. Eles andam aí, tenham medo, muito medo... Eu já disse que hoje é dia das bruxas?

Pouca vergonha é...

Achar que o irmão mais novo tem 16 anos* quando afinal ele só está a dois escassos meses da maioridade! Obrigada M., pela chamada de atenção. Não me perdoo por este despite... Mas também não me peço desculpa porque já sabia que o mais provável era mesmo estar a arriscar uma argolada. Se eu não soubesse tão bem o que esta casa gasta!

*ver post anterior.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

A minha pá caiu lá para baixo

Para o primeiro andar. Onde não vive ninguém. Onde não tenho acesso. Onde umas obras começaram e não acabaram... Se o meu irmão soubesse o que sabe hoje, nunca teria feito o número de varrer e despejar lá para fora. Na minha ausência. Mas vá, tem 16 anos, se calhar tem desculpa... E agora, adeus pá. Fica a vassoura para contar a história.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Há bocado, no Lux

NNEKA, from Nigeria

sábado, 25 de outubro de 2008


sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Vontade II

DE CHORAR, DE GRITAR, DE RASGAR, DE ANDAR MIL KILÓMETROS SEM OLHAR PARA TRÁS. DE PARTIR, DE DESTRUIR, DE AFUNDAR SEM PODER NEM QUERER EMERGIR. DE SOFRER, DE FAZER DOER, DE ESBOFETEAR, DE ENLOUQUECER.

E depois dormir.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Vontade

De dançar. De abanar todos os músculos do corpo incluindo todas as extremidades e todos os poros. De vibrar com cada movimento, de estremecer com todos os ritmos e de ir com eles até onde as energias quiserem.
Vontade de desenhar. De gatafunhar, de atirar cores fortes para as folhas de papel ou para troncos de árvores velhas e ocas. Ou para o chão. Vontade de pintar o alcatrão de cor-de-vida.
Vontade de ler, de devorar mil livros em poucos segundos, todos os livros de uma vida negligente e adormecida, com o apetite de quem não vislumbra alimento há sete semanas. De comer palavras alheias e misturá-las com o mundo num banquete de conceitos e de ligações.
Vontade de chorar – mas de alegria. De esbracejar e gritar e guinchar – também de alegria. De rodopiar até cair: primeiro louca, depois anestesiada. De correr a 100 km/h.
Vontade de cantar com outras trezentas vozes, em uníssono, ou então não. De ser parte da melodia que se enfia nas veias e rebenta os ouvidos para sair e voar.
Vontade de ter ideias e dispará-las em todas as direcções. Brincar com a imaginação e com as bonecas e com os pensamentos. Com os baús antigos, com os colares decrépitos e os sapatos grandes e bicudos. Vontade de ser contagiada pelo riso e de não conseguir parar de dar gargalhadas. De sonhar.
Vontade de escrever. De saber escrever. E de, assim, libertaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaar!

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Don't tou stare at me

There's nothing new to see...
God, anger sucks.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Autumn on the way

Quando ele chegar eu já não vou cá estar.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Happy Birthday to me

12/10/1981

Feira da Ladra








quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Hoje de manhã não encontrei o meu carro...

- Vigésima Esquadra da PSP, bom dia...
- Bom dia. Olhe, eu queria saber se por acaso o meu carro foi rebocado, dá para confirmar a minha suspeita?
- Olhe, nós aqui não passamos chamadas porque não somos central telefónica! Portanto... se calhar o melhor que a senhora tem a fazer é ligar para a Polícia (??) e pedir para eles lhe passarem a chamada para um dos Parques – por exemplo o do Restelo...

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Hoje chove.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Na Terra do Nunca...

Crescer dói muito.
Não (querer) crescer destrói mais.

Detesto quando não há uma terceira hipótese.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Clemente, o bom boliviano

Não que os outros sejam maus bolivianos, mas este homem merece duas ou três linhas de homenagem. Tem 62 anos, muitos dentes a menos mas paciência e audacidade de sobra. É o guru do altiplano boliviano, aquele que sabe realmente o que faz e a quem todos recorrem quando estão desorientados ou com os seus chaços na mão. Ó doce Clemente, porque nos deixaste assim esmigalhados com a tua existência? Sabes do que eu gostava mais? De quando dizias – quase sempre antes de qualquer outra frase “amigos (pausa), no hay problema”. E a verdade é que nunca havia mesmo. És prático como uma mulher do campo, com sete filhos às costas e a lavar roupa no tanque, mas calmo como um urso a hibernar. A coca até faz milagres, mas eu acredito que metade desse teu ar pachola e amolecido já vinha contigo quando rompeste o ventre da tua mãe. Adoro o fato-macaco que vestiste no primeiro e no terceiro dia da nossa curta vida em comum. Mas gostei principalmente quando ataste a parte de cima à cintura e revelaste o teu colete branco à Humanidade. Aos 62 anos és sexy, Clemente! As indígenas ficam malucas contigo pelam-se por um minuto da tua atenção – eu bem via como te olhavam. Deve ser essa tua sabedoria e simplicidade que atraem como um íman. E o facto de teres meio dedo em falta não te impede de teres sempre duas mãos para ajudar quem precisa - essas grandes mãos abertas que sempre acompanhavam o “amigos, no hay problema”, como que a obrigarem-nos a sermos tranquilos como tu. Além de tudo, és esperto. E tens cabelo para uma vida - negro, quase igual à tua pele curtida pelo sol impiedoso das grande altitudes. Gostas de chocolates, ficas com ar de puto reguila ao comê-los. Mas também sabes falar sobre o teu país e as tuas gentes, sobre o primeiro presidente - indígena como tu. Ai Clemente, deixaste-nos saudades, sabes? Aquela nostalgia de quem sabe que dificilmente voltará a cruzar-se contigo. Para ti devemos ter sido mais um grupo como outros mil que se sentam no teu carro sem música. Mas para nós tu foste a essência daqueles dias em que comemos da mesma comida improvisada e respirámos o mesmo pouco ar dos desertos altos. Tal como os fenónemos da Natureza que nos levaste a conhecer, por entre os caminhos de cabra e os trilhos do além, também tu és irrepetível. Hoje, como no dia em que te devolvemos ao teu habitat, eu digo “hasta pronto, Clemente”. Espero que tenhas ouvido, apesar da tua surdez que nos passou despercebida. Achávamos que era só essa tua maneira de ser distante mas afinal - que ingénuos - eras surdo que nem uma porta. E coxo. E maravilhoso.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

terça-feira, 26 de agosto de 2008

A praia de todos os anos...

(de pelo menos um dia por ano)

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Eu devia estar ali sentada

Mas precisei de ir esticar as pernas.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

De como os relatos de futebol andam a apostar em novas graçolas

"E a bola passou ao lado!! O Hugo Almeida deve ser diabético... pois não aproveitou o passo com açucar do colega de equipa..."

terça-feira, 19 de agosto de 2008

E uma vez já não era vez


"Lembras-te de quando apertávamos as mãos um do outro só para dizer “gosto de ti” sem ter de abrir a boca? Às vezes era o suficiente, mas tu querias que eu verbalizasse mais. Não mo dizias, no entanto eu sabia. E eu própria queria dizer mais vezes, ou talvez sentir mais vezes. E às vezes saía, outras vezes não. Até que um dia já eram menos as vezes em que não do que as vezes em que sim. E então, deixámos de correr na mesma direcção e de pisar as mesmas pedras de calçada."

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Para fechar a época...


Estou ou não estou uma autêntica festivaleira? Só porque alguém me disse um dia que há que aproveitar enquanto ainda se tem paciência para as mazelas provenientes das noites (pouco) dormidas em tendas manhosas e em carros pequenos demais... Dizem as más línguas que de hoje para amanhã corre-se o risco de já não se poder nem cheirar pão Bimbo; que a descontração de ir ao café lavar os dentes ou às fontes locais passar o cabelo por água doce se vai perdendo com a idade; que às tantas não há o mínimo de saco para as bebedeiras colectivas e as pessoas que já quase no romper do novo dia ainda deambulam pelos recintos perguntando a quem passa se quer comprar uma hiena (sim, o bicho). Que, para além disso, há a questão do carro que destoa dos outros em qualquer estacionamento da capital porque mudou de cor e ganhou arte rabiscada - há quem não se sinta confortável com esta sensação.
Eu, como ainda vou estando para isto, já dei a minha prestação e não me arrependi. Não vá a idade atacar-me e dar-me para a esquisitice, o melhor é ir atestanto o "curriculum". E para o ano há mais!

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Passagem pelo Sudoeste 2008

Leia-se: "Estúpidos, taparam a saída!". Mas eu posso adiantar que não foi verdade! Bêbedos...

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Da janela da minha sala vejo a lua...


E a corda da roupa também.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Observações Várias


- Será que resulta rezar o tal do Responso a Sto António para ter de volta aquilo que se julga perdido (sem rodeios, a vontade de uma pessoa se apaixonar outra vez)?

- Existem pessoas que têm certos poderes. E dentro dessas há aquelas que nos conhecem tão bem que basta perguntarem em tom de dúvida “estás bem?” para nos fazerem automaticamente acreditar que há realmente algo de errado – mesmo quando temos quase a certeza de que não há nada a apontar e tal é a convicção com que perguntam, à espera apenas de uma confirmação das suas suspeitas.

- As conversas sobre pessoas (família ou amigos de alguém) que estão ou foram para o hospital com problemas graves de saúde são invariavelmente as mesmas... Nunca se sabe muito bem o que perguntar ou como abordar o tema. E então, regra geral, acha-se que perguntar “em que hospital está ele/ela?” pode ser um ponto importante a referenciar...

- Nunca é um bom momento para se acabarem os agrafos do agrafador. Fica-se sempre a agrafar no vazio e ainda por cima deixa marcas feias.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

20 pics!

Faz de conta que os tópicos que se seguem são fotografias do fim de semana que passei em Sines e arredores, a pretexto do Festival de Músicas do Mundo 2008.

1) a praia semi-deserta que heróicamente descobrimos, após várias incursões desnorteadas e mapas precários - fica lá para os lados de Sto André mas não revelo nomes; os banhos intermináveis e toda a paz do mundo nos corpos flutuantes sob as ondulações ainda intactas; as sestas, as cores, as conversas; as sandes de presunto estranho; a fruta...
2) o concerto dos The Dizu Plaatjies Ibuyambo Ensemble – os xaca zulu do mundo sairam às ruas de Sines e deram o pontapé de saída para uma noite mágica;
3) o porto de Sines com a luz do cair do dia e a multidão a aproximar-se, ecléctica;
4) os caracóis e as (muitas) cervejas bebidas (este festival ainda não sofre de inflacção aguda); a espera interminável na Tasca do Carlitos por um jantar que se previa ser feijoadinha de choco mas que acabou em 15 cm de uma pizza congelada e aquecida (não muito) num famigerado micro-ondas;
5) o concerto arrebatador da maliana Rokia Traoré, a mulher zebra - simplesmente brutal;
6) as veggie pitas e os pita burguers servidos pelo Mário;
7) as gargalhadas;
8) as danças despreconceituosas dos hippies, dos freaks, dos betinhos, dos velhos do Alentejo e das crianças de todo o mundo;
9) "personagens" várias a cada dois metros de deambulação;
10) o percurso de subida/descida do e para o castelo – contaminado por bancas de artesanato de se perder fortemente a cabeça (e só não perder o dinheiro porque o multibanco também já não tinha);
11) o percurso de volta até ao carro, no auge da euforia, da multidão e também dos estados ébrios, por entre gauffres gordurosos, pães com chouriço, calças indianas e carrinhos de bebé;
12)
as gargalhadas outra vez;
13)
uma das várias paragens em plena via rápida, para alívio das dores e indisposições várias transportadas, num percurso que devia tardar não mais do que quinze minutos mas pareceu (e foi?) uma eternidade;
14)
a montagem das tendas mais rápidas e eficazes da história, mas mesmo assim com direito a enrolamentos e tropeções vários, proporcionando performances consideravelmente desengonçadas e consequentemente cómicas;
15)
de novo as gargalhadas;
16) o amanhecer na praia ao som das ondas que pareciam cascas de ovos a quebrarem antes de embaterem na areia;
17) o pescador náufrago de cabelo comprido à beira-mar e o sapato negro abandonado;
18)
os "locals", em especial a velhinha de muletas e boné da Junta de Freguesia que à beirinha da via-rápida revela estar a caminho da festa, sim, mas a da Nossa Senhora de Livramento (um grande bem haja a esta senhora encantadora e o desejo de que tenha chegado aos festejos sã e salva);
19)
vários freaks em pose desordenada, para uma sessão intensa de “Descubra as Diferenças” com os amigos;
20)
o pôr do sol no regresso à capital, ao som das músicas mais vibrantes do mundo e da nostalgia mais antecipada de sempre. Estes fins-de-semana fazem mal à saúde...

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Há anos que quero ir aqui.

Este é o ano!

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Delta Tejo 2008

Um fim de tarde quente, uma companhia inesperada a juntar à pandilha que já se aguardava.
Um lugar quase forçado, em mata seca usurpada por zona residencial profundamente inóspita. A cada passo, um novo ajuntamento de pessoas em delírio colectivo - festa irrevogavelmente dedicada aos brasileiros. Calhaus enormes no caminho que leva ao centro nevrálgico das festividades e que riducularizam a minuciosa revista individual feita à entrada do recinto.
Um cansaço extremo acumulado, uma cerveja para disfarçar.
Um concerto e outro e outro.
Um estômago vazio. Um cachorro sem salsicha para aconchegar. Outro café e mais um concerto.
Um estado de fraqueza demolidora e o inevitável repouso do guerreiro. Pronto, já chega, siga a marinha. Pessoas estranhas e eufóricas a contrastarem com um estado de espírito pessoal que se quer solto mas que a demência do corpo não deixa alcançar.
A vontade de ir para casa e o enjoo por pensar na semana de trabalho que já bate à porta.
O tão esperado concerto e o inexpectável abandono quando ainda não chegou ao fim.
O desespero pela falta de uma cama.
O cachorro sem salsicha às voltas no estômago e os cafés em triplos mortais.
O adeus, até para o ano. Ou talvez não.

Moral da história: nunca ir ao último dia de um festival quando este calha a ser num domingo e quando os cabeça de cartaz são a maior banda de música axê do momento, capaz de arrastar multidões vindas do próprio Brasil – evita-se assim a sensação de “carta fora do baralho” ou de ida à nossa senhora da asneira. Ou nunca ir a um festival a um domingo quando a sexta e o sábado anteriores foram particularmente destrutivos... Porque há dias em que, por mais que se lute, simplesmente não dá.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Tudo por um Clássico*

- Gostava de ter uma Vespa...
- Giro... são do meu tempo. O tio Pedro tinha uma!
- Ah sim? E onde está ela?
- Ó filha, foi roubada há quarenta anos!
- Hmm... que pena. E o carocha verde que era da avó Luísa e do avô Fernando? Que é feito dele?
- Estás a fazer confusão, a avó tinha um carocha beije e o avô um mini verde...
- Ah, pois era... E onde estão?
- Que melga! Morreram.
- Deviam ter guardado isso...
...
(Rita has just signed out)

* Conversa com a minha mãe, via messenger.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Algo de errado


Há calor, há cerveja fresca, há chinelos, há luz até tarde e o frenesim dos dias longos, há cheiro a turistas e a artesanato, há miradouros apinhados, há vontade de viver – daquela que só o Verão traz – há despertares sem depressões nem olheiras mesmo depois de escassas horas de sono, há energia que vem da planta dos pés aos cabelos e que não derrete com o calor, há a nostalgia antecipada - mas boa - de uma certa janela no tempo que ainda não se fechou mas que já deixa saudades. Porém, há algo de errado em tudo isto. Acho que é o cheiro do meu Verão que não se mistura com o teu. A minha energia que não se funde na tua. A luz longa de cada dia que ilumina várias caras, mas nunca a tua. Não chegamos ao fim do dia exaustos de tanto calor - mas juntos. Não brindamos à vontade de viver. Tu não existes. Ou não estás. Nem sabes se vais estar. Nem te interessa se estiveste. É... acho que é só isso que não está muito bem. Só.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Próxima paragem: CHILE


E a pergunta que se impõe é:
NORTE OU SUL?

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Chamada de Atenção

Sobrinha 1 (de dois anos, em pleno edifício sede da Caixa Geral de Depósitos, já lá iam três horas de espera):
- Quelo um bolo...
- Tá bem, vamos procurar um café aqui dentro desta casa grande... – que às crianças irrequietas em ambientes formais dá-se-lhes de tudo para que se mantenham bem caladinhas e não passem à fase do histerismo. Um mínimo deslize pode ser fatal.
Já na cafetaria:
- São dois queques, por favor – um para a sobrinha 1 e outro para a sobrinha 2.
Sobrinha 1 (a que lançou o mote), bem atenta:
- Não, mim não quel’um queque, quel’um bolo! – e a ameaçar partir para a violência.
Com o inútil ar de quem tinha a solução perfeita para todos os males do mundo, tento explicar que um queque também é um bolo.
Sobrinha 1:
- Não! Mim quel’um bolo...
Eu, novamente:
- Pronto, ‘tá bem... então é um queque e um bolo, se faz favor. A senhora da cafetaria, graças a deus apercebe-se do drama e colabora (um queque e uma madalena, então).
Sobrinha 2, olhando quase com nojo para o queque que lhe compete:
- Não gosto disto! – e aponta para a amêndoa. Tira-se a amêndoa e o assunto parece resolvido.
Sobrinha 1, com ar desconfiado:
- Mim não quel’um queque... é um bolo, pois é?
- É, pois ... é um bolo, não é um queque. A mana é que come o queque... E o bolo está aqui... hmm, que bom! Põe-se o guardanapo... à volta do BOLO... ai que giro que fica... e pronto, está aqui O BOLO!
Sobrinha 1, ainda desconfortável:
- Num é queque, pois não?
- Não, meu amor, é um BOLO e é muita bom!
Dez minutos depois, quando tudo parecia correr sobre rodas, sobrinha 1:
- Mim não quele mais...

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Ontem, numa casa de fados...


Beijar quem nos faz sofrer:
Antes morrer sem saber
O que é um beijo de amor.

Ah, desgraça!

terça-feira, 8 de julho de 2008

À falta da própria...

Vai-se ganhando o gostinho com uma prima afastada...
Obrigada V, amei!!

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Sobre o príncipe encantado...

Uma pessoa aqui de grinalda posta e o gajo a ver onde terá deixado o pónei!

terça-feira, 1 de julho de 2008

Como estoirar mais de 200€ numa hora?

É muito fácil. Na verdade é tão fácil, tão fácil que nem ninguém se dá ao trabalho de o fazer, por isso atenção a esta dica. Para viver a hora e meia mais cara da história, basta ter comprado o bilhete de avião de regresso para o dia anterior... e na hora de entrar no avião ser levado por uma funcionária em fúria, como se de algum terrorista se tratasse! Porque "nada a fazer, esse bilhete era do voo de ontem".
Em seguida, e após breves segundos de pânico e sem direito a despedida dos restantes companheiros de viagem, o melhor é mesmo começar a largar dinheiro em tudo o que se possa - a saber cacifos para a mala, chamadas telefónicas, idas à internet desesperadas e garrafas de água para acalmar o nervo. E, cerca de uma hora uma hora e meia depois, dar o remate final e comprar novo regresso a casa por quase 200€ ("e é se for já a correr para o balcão 21 e depois novamente a correr para a porta de embarque")! Simples não?
É garantido! E tudo isto por apenas três horas de atraso no trabalho.
Como é que não me lembrei disto antes??

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Paranóia

E se hoje eu tivesse acordado com menos 10 kilos de peso - mas peso daquele que está na cabeça, na consciência e na alma? Isso significaria que me teria desprendido da ideia parva que se pespegou a mim há muito tempo, de que a minha vida só fará sempre sentido se estiveres meu lado.
Acordar assim, levezinha, teria sido genial... porque esta é de facto a ideia fixa mais parva que tive em toda a minha vida.

terça-feira, 27 de maio de 2008

O Poder da Gata


Sim, foi um certo poder aquilo que se viu e sentiu em cima do palco do Coliseu desde o primeiro momento em que Chan Marshall o pisou, do alto dos seus invlugares sapatos brancos. Daí para cima, toda vestida de preto (excepção feita a uma camisa verde seco rapidamente dispensada), Cat Power arrebatou pela sua presença invulgar e confusa, ora frágil ora simplesmente devoradora de vida e plena de força. Dona de voz rara e que por vezes parece roçar o cansaço, Cat Power parece afirmar-se hoje como uma referência internacional, verdadeiramente digna do respeito colectivo e já longe dos largos anos de más vivências e de exarcebada falta de auto-estima. Agora, acompanhada de excelentes músicos e com um óptimo albúm de versões muito particulares na bagagem, a auto-consciência foi mais visível e a atitude mais confiante do que noutras passagens por Lisboa e pelo mundo – ainda assim pintalgada de diversos momentos de delírio, infantilidade ou sensação de desconforto. Mas é neste mix que está parte da sua graça. No Coliseu, a artista provou que não faz falta acertar em todos os agudos para se levar boa música ao público. Esse, algo frio e expectante, demorou a passar a barreira da desconfiança. Olhou, ouviu, olhou mais profundamente e só consegiu libertar-se muito próximo do final, quando a cantora fez questão de entrar pela plateia adentro e daí cantar “I love you” alto e a bom som. E a boa luz – já que pediu expressamente que as luzes fossem acesas, para um intenso cara-a-cara com aqueles que a aplaudiam e que na hora da despedida continuaram a aplaudir durante dez longos minutos. Das mais longas despedidas de que há memória em palcos portugueses. E ela, sem sequer dar mostras de interesse em oferecer um encore ao seu público admirador, parecia aliviada pela missão cumprida (é conhecida a sua falta de à-vontade na hora de pisar o palco) e feliz por aquela merecida salva. Atirou flores, distribuiu vénias, desenhou corações com as mãos, pulou, enfim, agradeceu. E nós também. Até breve.


quinta-feira, 15 de maio de 2008

Natureza Morta

Mais de 100 mil mortos na antiga Birmânia - um ciclone.
Possíveis 50 mil mortos na China - um terramoto.
Mais alguma coisinha?

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Mirtilo em versão filme

Se eu soubesse pôr videos aqui, punha os quatro minutos de diálogo entre os Jude Law e a Cat Power no filme My Blueberry Nights. Ele irresistível e ela uma agradável surpresa. O tema comovente. A banda sonora excelente.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Efeito espelho

"Tu foste para mim vida, angústia, pesadelo. Cantei para ti baladas de amor ao vento. Eras para mim mar e eu o teu sal. No abismo, não encontrei a tua mão."

In Balada de Amor ao Vento, Paulina Chiziane

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Ao Q. e à L.

A vida é bruta. A vida é cruel. Porque dá mas também tira sem aviso prévio. Ninguém manda aqui em nada e ninguém escolhe a sua hora. Quando há alguém que escolhe, é porque algo não está bem, porque algo se perdeu. A vida é assim, inexplicável. Ninguém é de ninguém e já deviamos saber isso. Deviamos interiorizá-lo de uma vez por todas. Para não doer quando já não se tem. A vida é fodida.
Ao Q. e à L., que o céu lhes seja infitivo. Como a vida.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

É numa destas que parto amanhã





Sonho

Esta noite sonhei coisas horríveis que me vieram agora de repente à cabeça. Depois de uma grande trapalhada (que incluiu um fuga em andamento de um autocarro cujo destino era Barcelona, mas com passagem por Santarém), acabámos os três - eu, o L. e a S. - a sermos barrados numa espécie de fronteira, algures em Espanha, de mochilas às costas e já sem dinheiro para mais subornos. "Ó filha, no fundo estamos aqui todos a ser rifados" - foi a resposta à minha pergunta em forma de pânico "mas afinal o que é que se está aqui a passar?". E dali só podiamos seguir para a frente dois de nós. Havia muita gente na mesma situação e aos que ficassem não se sabia o que aconteceria; certo era que coisa boa não se avizinhava. E de repente eu, que era que se tinha chegado à frente com os únicos 150€ do grupo, tinha de escolher entre o L. ou a S. para seguir caminho comigo. Parecia uma espécie de campo de concentração. A S. era a S., mas ele não tinha BI... O ambiente estava sinistro, mas no momento em que já tinha convulsões por ter de escolher alguém...acordei! Weird stuff.
Amanhã estaremos os três a caminho de Espanha e não terei de farei grandes escolhas para além de para onde ir e por que caminho ir!

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Senhores da CP:

Por favor tragam de volta os bancos verdes de napa do mítico Inter-Regional. Sim, aqueles onde nos podiamos encostar, recostar e/ou deitar, sem qualquer tipo de cerimónia e que se confundiam com os senhores do serviço militar que viajavam ao fim-de-semana. Estes bancos cor-de-laranja que vocês têm agora não têm piadinha nenhuma - são muito direitos, muito rígidos e muito individualistas. Ah, e não são os de sempre, pronto. Meus Senhores, um comboio Inter-Regional não tem de ser igual a um metro. E já agora, se vez em quando pudermos ouvir os carris para termos a certeza que estamos num comboio e não num autocarro expresso, melhor ainda. Fica o pedido.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Hoje é o Dia Mundial da Voz

E ironicamente não consigo dizer uma palavra...

terça-feira, 15 de abril de 2008

Assim parece fácil

Tu estás livre e eu estou livre
E há uma noite para passar
Porque não vamos unidos
Porque não vamos ficar
Na aventura dos sentidos

Tu estás só e eu mais só estou
Tu que tens o meu olhar
Tens a minha mão aberta
À espera de se fechar
Nessa tua mão deserta

Vem que o amor
Não é o tempo
Nem é o tempo
Que o faz
Vem que o amor
É o momento
Em que eu me dou
Em que te dás

Tu que buscas companhia
E eu que busco quem quiser
Ser o fim desta energia
Ser um corpo de prazer
Ser o fim de mais um dia
Tu continuas à espera

Do melhor que já não vem
E a esperança foi encontrada
Antes de ti por alguém
E eu sou melhor que nada

António Variações

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Guilty

Tenho uma mania desagradável: a de chegar a sexta-feira e meter-me à procura de motivos para me sentir mal, para me culpabilizar até à inconsciência e para não poder ir de fim-de-semana solta, leve e fresca como manda a lei. E parece incrível, mas eu consigo sempre ir desencantar qualquer assunto trágico-chato para me martirizar. Ora deixa cá ver hoje - que até tenho estado tranquila e, de bem com a vida – hoje, repito, que assunto poderei retomar para acabar a semana lavada em lágrimas e a sentir-me a pior pessoa do mundo? Que isto de se ser só feliz não me parece nada bem. Tenho alguma atravessada para dizer a alguém? Algum sentimento de culpa a matar-me cá por dentro (e se não tiver arranja-se)? Fui uma boa amiga esta semana? Uma boa ex-namorada? Uma boa hipotética futura namorada? Uma boa filha? E não é preciso pensar muito, num ápice há algo que se vislumbra como boa matéria para esmiuçar até ao tutano e um bom assunto para resolver – mesmo que não haja nada para resolver. As sextas-feiras têm sido assim – dias de grandes, enormes, gigantescos problemas (na minha cabeça, claro). E de algumas - mais pequenas, quase insignificantes - resoluções. Afinal, há que aproveitar o dia em que posso passar uma noite a chorar e não ir trabalhar no dia seguinte com os olhos feitos duas anonas. E haverá alguém que goste de um bom draminha mais do que eu, mesmo quando a vida só me dá razões para sorrir e estar feliz? Às vezes, além de pobre, sou muito mal agradecida.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Irracionalidade precisa-se

Ainda não sei se é sorte ou azar, mas a verdade é que à minha volta só circulam pessoas racionais. Ao longo da minha vida tenho procurado conselhos e inspirações em pessoas racionais porque na verdade são as que se encontram em maioria no meu rol de afinidades. E isso incomoda-me? Talvez, um bocadinho. E porquê? Porque as pessoas racionais são pessoas enervantemente certas, que raramente tomam decisões erradas ou das quais se arrependam e que sabem pensar com frieza, conseguindo facilmente chegar a conclusões úteis para as suas vidas. Há coisa mais enervante do que isto? Há. Por exemplo o dar-me conta de que nos últimos anos – e desde que sou aquilo que se pode considerar uma pessoa “adulta” – só tenho feito como essas pessoas, ou seja, agido quase sempre com montanhas de racionalidade perante os meus dilemas e escolhas diárias – umas mais profundas, outras nem por isso. Oiço o que as pessoas racionais (e acauteladas) têm para me dizer, concordo (às vezes à força, mas concordo) com as suas opiniões e pumba, dou por mim e estou outra vez a fazer coisas racionais! Não compro o carro que amava ter porque já é velho e só me vai trazer chatices ou simplesmente porque não é uma boa aposta para o futuro; não alugo uma casa e opto antes por comprá-la porque sempre é dinheiro gasto em alguma coisa que fica para mim e que me garante um tecto no presente e no futuro; não tiro a carta de mota e não arranjo uma Vespa velhinha para fazer casa-trabalho-casa porque “estás doida, não me metas nisso, as motas são um perigo” (a este argumento juntar também o do cabelo oleoso devido ao uso de capacete); não largo tudo para ir fazer voluntariado durante um ano porque “e depois, o que vai ser de ti depois?”. E assim se vão passando os meus dias e as minhas escolhas. Eu até fico bem com isso de fazer coisas certas; sinto-me “adulta” e responsável. Mas pena que seja só durante algum tempo. De repente, e contra todas as previsões, lá vêm elas outra vez - as dúvidas, as inseguranças, os “ó meu deus, mas porque é que eu não comprei o raio do chaço que me ia dar tanta pica nesta estrada esburacada que está mesmo a pedir aventura e cabelos ao vento?” É que se eu fosse uma pessoa que assumisse naturalmente a minha irracionalidade ou aquilo a muito chamam de “loucura” eu podia fazer os maiores disparates do mundo e arrepender-me mil vezes por cada passo dado, que arranjaria sempre maneira de estar super feliz, nem que fosse por dois dias. Do tipo: pobre mas feliz. Ou antes: sem casa, mas feliz. Sem exageros, claro. E será isto assim tão difícil de alcançar? Será assim tão difícil eu meter na cabeça que nem só as coisas certas são as que nos fazem mais felizes e completas e que está na hora de pensar mais em mim e nos meus sonhos e desejos? Acho que dou demasiados ouvidos às pessoas certas. Regra geral, acho que dou demasiados ouvido às pessoas. Caramba, eu devia ouvir-me mais a mim mesma, aqui e agora, e pensar menos no amanhã, no futuro, no que virá. Pelo menos durante algum tempo posso ser feliz. E depois logo se verá.

sábado, 5 de abril de 2008

Música no Feminino

Cada uma delas tem algo da minha pessoa ou eu gostava de ter um bocadinho de cada uma delas em mim. Ora porque são doces e intensas, ora porque se alimentam de uma poderosa força que encostam qualquer um à parede, que intimidam, que arrepiam. O meu coração estremece quando oiço qualquer uma destas cantoras. Destas artistas. Destas pessoas. São mulheres, mas até podiam ser homens. Ou talvez não.

Tori Amos
Genial. Intimista, desafiadora, camaleónica; uma cantora comovente e uma excelente pianista. Poderosa.

Fiona Apple
Fresca, agressiva, rebelde. Fortíssima.

Janis Joplin
Emoções ao rubro. Uma hippy invertebrada. Voz e vícios levados ao limite. Marcante. Inesquecível.

Elis Regina
Mulher furacão. Dramática e muito emocional. A expressão em pessoa. Uma cantora intensíssima.

Ani di Franco
Uma voz doce e arrepiante. Ícone do feminismo e dos direitos das mulheres. Irónica, iverente e explosiva. Mas doce.

Sara Tavares
Cabo-Verde no BI, o mundo inteiro nas influências, o brilho na interpretação; quente e envolvente.

Amy Winehousese
Menina problemática, voz inesquecível. Fervor apaixonante.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Cão que ladra e morde

Adoro viver no meu bairrinho - onde às nove da noite sai tudo à rua em pijama para conversar com a vizinhança (um mimo) - e até gosto de cães; regra geral, não tenho medo deles, não me incomodam e até gostava de ter um se a minha casa não tivesse meio metro quadrado. Agora, que um caniche daqueles mesmo meia leca me siga até casa com um ladrar ridículo que mal se ouve e a mordiscar-me as pernas irritantemente - enquanto a dona e a vizinha de baixo continuam na amena cavaqueira e em perfeito desprezo pelo facto de uma desconhecida vizinha ter o animal literalmente à perna - isso sim, já acho um abuso e uma falta de sentido de boa vizinhança! Minha senhora do roupão rosa choc e chinelos semi-desmiolados, desculpe lá, não gosto de ser implicantezinha... mas e eu sei lá se o seu bichinho não tem raiva e se de repente não se vira para me comer viva? Bem sei que a sua converseta ia animada e que não apetecia nada interrompê-la, mas um bocadinho mais de atenção para com aqueles que um dia lhe podem vir a ser muito úteis se faz favor e, em última análise, um bocadinho mais de amor pelo seu canídeo que, para a próxima, talvez desapareça misteriosamente e apareça a morder as pernas a alguém do bairro do lado.

segunda-feira, 31 de março de 2008



time to think


quinta-feira, 27 de março de 2008

onde vais?

Irritas-me! Queres sair de dentro de mim, disparado, fulminante e sem olhar para trás. Queres romper-me a pele e não ser apanhado; perder-te por aí, não seres visto e acabares enrodilhado no pó da estrada... até talvez morreres de tristeza e pânico. Na cama, sinto o teu ritmo furando o colchão, outra vez a querer sair. Não me deixas dormir nem permites que esteja em paz. Pareces poder rebentar a qualquer minuto. Pareces uma bala perdida desesperada por chegar a alguém. És frágil mas bates como uma bomba. Assustas-me. Estás triste? Ansioso? Deves alguma coisa a alguém? Onde queres ir e porque bates assim? És só um órgão feito de pele, músculos e artérias. És massa. Não devias bater tão forte. Nem doer tanto.

reticências...

Incomoda-me profundamente ser daquelas pessoas que, bastando verter uma só lágrima, ficam logo com cara de quem levou com um camião em cima. É que não dá para disfarçar mesmo.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Bom, muito bom



Dois bons filmes que tive o prazer de ver nos últimos dias: um inspirador, aventureiro e dramático; o outro violento e controverso. Ambos muito fortes e que contam histórias impressionantemente reais. Também com boas bandas sonoras. O cinema está a passar uma boa fase.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Querida Maria

Tenho tido uma vontade enorme de comer chocolates - e não só vontade; tenho efectivamente comido à roda de um chocolate por dia já vai para duas semanas e mesmo hoje ainda só são dez e meia da manhã e já marcharam dois bombons Serenata de Amor! Estarei grávida?
Aguardo impacientemente a vossa resposta (se puder ser mesmo a Maria a responder, agradecia muito...). Atentamente, Eu.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Barcelona again?

Pois é, lá vou eu outra vez! Reencontrar amigos e não só. Também beber cañas e comer bravas, perder-me no Gótico e encontar-me no Born, estranhar o Raval, depois gostar... Viver, reviver, sonhar. Subir e descer ramblas, sair à noite... Acordar a cada dia e pensar: "não me importava de viver aqui..." :)
É só na quinta-feira...

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Dia de Santo Euribor...

Ou de Santo Spread ou de Santa Paciência. Não me apetecia nada ter de mim mesma uma visão triste, mas a verdade é que passei o meu serão de São Valentim agarrada às papeladas dos bancos, a comparar o incomparável e a analisar temas desconhecidos e confusos; debati-me por casas decimais e a arranjei variadíssimas distracções para não ter de me focar na dura realidade que é: eu nunca na vida vir a conseguir comprar uma casa!
Não dá para ser um bocadinho mais fácil? Um nadinha mais barato? Menos demorado? Será que temos mesmo de ser sugadinhos até ao tutano e pôr para lá da linha do horizonte toda uma vida pessoal e social em nome de um tecto considerado nosso? Eu quando era mais miúda (não há muito tempo, portanto) imaginava-me um dia proprietária de uma linda casa em prédio de traça antiga, de preferência com um terracinho para brincar com as crianças (várias), em bairro histórico, decoração étnica/oriental, com imensos acessórios trazidos das minhas mil viagens. Mas a dados de hoje, passados muitos sonhos, não consigo estar mais longe da concretização. Fui-me dando conta disto ao mesmo tempo que pensava se seria melhor a taxa indexada à Euribor a 3 meses ou a 6 meses.
Perante cenário tão pouco apetitoso, num já frustrante serão de quinta-feira, valha-me a pouca ou nenhuma importância que dou ao Dia dos Namorados. Eu diria até que é um dia para levar os dedos à goela e vomitar até não sair mais nada. Os ursinhos, as florzinhas, os corações (céus, os corações), os restaurantes cheios, a publicidade cansativa e pirosa, enfim, um dia para vomitar tudo isso. Pronto. E menos mal que este ano pude gritar à boca cheia aquilo que nos últimos anos só me tem saído de forma muito discreta e com alguma cerimónia: eu não suporto o Dia dos Namorados!
A bem dizer, e em jeito de conclusão, a verdade é que entre o Dia dos Namorados e a taxa Euribor, venha o diabo e escolha!

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

CUBA p/b