quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Vontade

De dançar. De abanar todos os músculos do corpo incluindo todas as extremidades e todos os poros. De vibrar com cada movimento, de estremecer com todos os ritmos e de ir com eles até onde as energias quiserem.
Vontade de desenhar. De gatafunhar, de atirar cores fortes para as folhas de papel ou para troncos de árvores velhas e ocas. Ou para o chão. Vontade de pintar o alcatrão de cor-de-vida.
Vontade de ler, de devorar mil livros em poucos segundos, todos os livros de uma vida negligente e adormecida, com o apetite de quem não vislumbra alimento há sete semanas. De comer palavras alheias e misturá-las com o mundo num banquete de conceitos e de ligações.
Vontade de chorar – mas de alegria. De esbracejar e gritar e guinchar – também de alegria. De rodopiar até cair: primeiro louca, depois anestesiada. De correr a 100 km/h.
Vontade de cantar com outras trezentas vozes, em uníssono, ou então não. De ser parte da melodia que se enfia nas veias e rebenta os ouvidos para sair e voar.
Vontade de ter ideias e dispará-las em todas as direcções. Brincar com a imaginação e com as bonecas e com os pensamentos. Com os baús antigos, com os colares decrépitos e os sapatos grandes e bicudos. Vontade de ser contagiada pelo riso e de não conseguir parar de dar gargalhadas. De sonhar.
Vontade de escrever. De saber escrever. E de, assim, libertaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaar!

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