sexta-feira, 11 de abril de 2008

Guilty

Tenho uma mania desagradável: a de chegar a sexta-feira e meter-me à procura de motivos para me sentir mal, para me culpabilizar até à inconsciência e para não poder ir de fim-de-semana solta, leve e fresca como manda a lei. E parece incrível, mas eu consigo sempre ir desencantar qualquer assunto trágico-chato para me martirizar. Ora deixa cá ver hoje - que até tenho estado tranquila e, de bem com a vida – hoje, repito, que assunto poderei retomar para acabar a semana lavada em lágrimas e a sentir-me a pior pessoa do mundo? Que isto de se ser só feliz não me parece nada bem. Tenho alguma atravessada para dizer a alguém? Algum sentimento de culpa a matar-me cá por dentro (e se não tiver arranja-se)? Fui uma boa amiga esta semana? Uma boa ex-namorada? Uma boa hipotética futura namorada? Uma boa filha? E não é preciso pensar muito, num ápice há algo que se vislumbra como boa matéria para esmiuçar até ao tutano e um bom assunto para resolver – mesmo que não haja nada para resolver. As sextas-feiras têm sido assim – dias de grandes, enormes, gigantescos problemas (na minha cabeça, claro). E de algumas - mais pequenas, quase insignificantes - resoluções. Afinal, há que aproveitar o dia em que posso passar uma noite a chorar e não ir trabalhar no dia seguinte com os olhos feitos duas anonas. E haverá alguém que goste de um bom draminha mais do que eu, mesmo quando a vida só me dá razões para sorrir e estar feliz? Às vezes, além de pobre, sou muito mal agradecida.

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