terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Hoje.

É talvez o último dia da minha vida.
Saudei o sol, levantando a mão direita,
Mas não o saudei, dizendo-lhe adeus,
Fiz sinal de gostar de o ver antes: mais nada.
Alberto Caeiro

Respiro fundo e espevito o corpo, que o sol do dia de hoje amoleceu. Hoje é um dia bom e Lisboa cheira a Primavera. A mala não está acabada, mas a mente já mudou de latitudes há um bom pedaço. Aqui vai disto - num misto de nervoso miudinho com ânsia. Há demasiado mundo lá fora, demasiada taquicardia cá dentro. Hoje saio para descobrir mais um bocadinho do planeta. Hoje saio para voar. Até já.

"Vera a voar", pela minha sobrinha mais velha


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domingo, 15 de fevereiro de 2009

Ontem


demos todos o litro.

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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Ir do céu ao inferno em menos de vinte minutos*

Não é todos os dias, mas de vez em quando acontece. Se há coisas para as quais uma lady acha sempre que está preparada (porque já se esqueceu de como foi da última vez), uma delas é ir pintar as pestanas - coisa que parece ridícula, mas para quem tem ar de bifa e não mostra ao mundo nem uma pestaninha só porque as que tem são pantone 000 (leia-se brancas transparentes), de vez em quando apetece lembrar que há por aqui dois olhos delineados (as pessoas normais, leia-se morenas, não sofrem destas necessidades). E então uma pessoa atira-se para a frente e arma-se em mulherzinha a caminho do centro de estética.
Primeiro é tudo lindo e maravilhoso. A marquesa que se reclina sozinha, o colchão que aquece como que por milagre, os sorrisos que se trocam, as promessas que se fazem, as massagens que adormecem o corpo. Pouco a pouco, a salinha com cheiro a ceras e a descolorantes começa a transformar-se em paraíso na terra. Mas seguem-se as pequenas torturas, uma por uma. A saber algumas:
- os pedacinhos de película aderente (igual à da cozinha, mesmo!) colados aos papos dos olhos;
- o tal do rôlinho (em brasileiro) que cola que se farta e que arrepanha que se farta se não fica bem posto à primeira (é prá sigurá a pêstaninha, é mêlhó assim, viu?);
- o cheiro a almoço que as mãos da delicada operante de vez em quando emanam;
- o “arreganhar” de pálpebra para colocação insistente e repetida de tinta negra (e de repente imagino-me em forma de choco) e a guerra que é não deixar que o olho abra;
- a espera... com kilos de algodão em cima dos olhos;
- o estado de dopping generalizado e o imaginar da triste figura que se está a fazer;
- o sentir que de repente se tem algo na cara – e não, não são mais massagens. Mas esta agora passou-se... uma pinça? Uma pinça nas minhas sobrancelhas, que é coisa que nunca depilei na vida, porque não quero nem preciso? Tic tic tic... não, se calhar são energias laser para o bem-estar... Ou não, é uma pinça a operar... onde eu nem sequer tenho pêlos! Ai raios a partam à menina. Ok, era mesmo uma pinça e foi muito rápido, mas se calhar nunca mais cá venho porque agora fiquei ofendida - não se invade assim o entre-sobrancelha alheio;
- e finalmente, as lágrimas. Porque a tinta não sai à primeira e porque arde como álcool em feridas abertas. Passa-se um breve momento de sofrimento, pensa-se que se vai cegar, chora-se sem querer, entra-se num tímido desespero.
Depois paga-se e sai-se com um olhar muito mais afirmado, é certo, mas com a sensação de que se levou dois murros nos olhos ou de que se acabou de chegar de um enterro. E novamente com a promessa de não voltar a fazer tal coisa nos próximos largos meses.

Perdão se este texto tem erros, mas ainda tenho os olhos embaciados.

*E se depois de tudo isto ninguém reparar no upgrade, alguém me vá resgatar ao Tejo.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

From Oporto with love


a foz a espera a música a casa dela a vista a introspecção a noite a decoração a gente a arte a rua a estação a ribeira a ... a ... a ...

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quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Hoje ouvi falar numa infeliz que tirou a sua preciosa hora de almoço para ir pedir uma 2ª via da carta de condução à Loja do Cidadão (depois de quatro meses de vida pecaminosa). Parece que chegou lá e bateu com o nariz na porta. Na máquina das senhas, lia-se: “Não se fazem segundas vias ou renovações de cartas”.
- Então mas porquê?
- Olhe, temos o sistema em baixo já há um tempo...
- Há muito tempo?
- Aí há coisa de duas horas... E não sabemos quando vai voltar.
Pontaria!
E pela primeira vez na vida essa pessoa - por sinal muito parecida comigo - não tinha nada mais a fazer na Loja do Cidadão, deu meia volta e voltou para trás, pela mesma chuva por onde chegara.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Próxima paragem

Diz que há muito calor
Diz que a gente é boa
Diz que tem praia, montanha e cultura
Diz que é boa onda e boa tequila...
Então decidi pôr o meu sombrero e ir lá espreitar.
Próxima paragem: México!
Começa a contagem decrescente...

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

(aditamento ao post de hoje de manhã)

Pronto, eu confesso. Eu hoje de manhã bati com o carro. Aliás, raspei, amolguei, sei lá o que é que eu fiz. Chovia a potes, eu estava atrasada a potes, esvaída em pressa para chegar à bomba antes de ficar apeada outra vez. E chovia, chovia, chovia. Sair da minha rua, do meu “beco”, para a rua principal estava a ser o Inferno na Terra. Em dez minutos mexi-me dez metros e sempre debaixo de chuva. Eu não tinha prioridade e ninguém estava a ter a bondade de me deixar enfiar-me - ou a bondade de me auxiliar, como diz o outro. Bolas, hoje é que davam jeito os batedores do senhor presidente a abrirem caminho, naquele jeitinho metediço muito deles – bom dia, senhor presidente, faça o favor de passar, tenha a bondade, senhor presidente, por amor de Deus, por quem sois e o raio que o parta, e já agora deixe-me aproveitar que se abriram as alas e aqui vou eu também. Não hoje, não acontecia nada disso. Apenas um polícia de mota à minha frente, incapaz de reportar ao comando que aquele cruzamento devia ser revisto porque nunca ata nem desata, é sempre uma salganhada de primeira apanha. E continuava a chover e eu continuava atrasada, cada vez mais. Chovia, chovia, chovia. Até que uma gentil senhora me deixou passar. A bem dizer, terá pensado ela, o sinal lá em baixo já está a fechar outra vez, que mal faz manter o pé no travão só mais dez segundos, passe lá minha menina, está feita a minha boa acção do dia. E eu: muito obrigada, muito obrigada mesmo, que grande que foi esta enviada de Deus neste momento, mãozinha para cima em gesto de agradecimento, o vidro embaciado mas ela a perceber o grata que eu estava por aquilo e eu a fazer a curva para entrar na rua principal, devagarinho e sempre a olhar para a senhora, ainda a não acreditar que realmente havia alguém que me estava a deixar passar, avança Vera, avança que é a tua oportunidade e... VLONC! Silêncio a seguir. Céus, aquilo fui eu? Aquele barulho era eu a atirar-me para cima de um carro (mal) estacionado na curva - eu a vê-lo ali há horas, tantas quantas as que estive parada à espera para avançar? Eu fiz a curva demasiado fechada, não estou boa da cabeça. Sim, aquilo fui eu, eu ouvi bem - e vou com música alta, como não o terão ouvio os transeuntes? Ou será que a chuva abafou? E agora parei no sinal e vão vir atrás de mim com caçadeiras. Será que o senhor polícia da mota se apercebeu? Espero que não, até porque não tenho carta de condução. Vou ficar aqui quietinha no meu canto e fingir que não dei por nada, que não sei de nada, que sou estrangeira. Ainda por cima chove a potes, o sinal continua fechado e se paro aqui então é que esta rua vai virar caos - e já só desencravamos todos daqui à laia de bomba atirada do ar. Melhor ficar sossegadinha, que se dane, também não há-de ser assim tão grave, foi só um raspão. Deus me perdoe. Um dia também acordei, no feriado do 5 de Outubro, cheguei ao carro e ele estava todo amolgado - é a vida, acontece até na rua do senhor presidente. Coração nas mãos, sinal aberto, lá fui eu e o meu carro amolgado (num outro sítio que nenhum dos já amolgados - também que azar, caso contrário até disfarçava). Não quero ver, não quero saber, não quero lembrar. Só quero uma mota.

Nos dias em que chove e em que levo o carro para o trabalho, sinto-me em hora de ponta em Nova Deli. Vale tudo, menos tirar olhos.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Weekend Short Stories

the road

the light

the train

the feet

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