terça-feira, 2 de outubro de 2007

Atenção, não experimentem isto em casa!

Papel de parede até que é muito fashion e dá um ar muito moderno a uma qualquer divisão de uma casa. Até que está na moda e até que se arranjam uns engraçados e relativamente baratos na internet. Ir ao AKI comprar a supra-sumo das colas de papel de parede, pois que também sim... Demora-se um nadinha a escolher a parede vítima, mas lá se arranja uma onde parece que vai encaixar bem... Mas e depois? Quem vai pôr o papel de parede? Qual Mulher Aranha, resolvi armar-me em muita boa e, apesar de todos os avisos, meti na cabeça que ia mostrar ao mundo que isso de ser difícil colar papel de parede não passava de um mito!!

Bruxedo número 1: a cola! Diz que se junta o pó a uma determinada quantidade de água, consoante a quantidade de metros quadrados de parede que se quer tapar. Parece simples, mas quando não se tem de parede nem metade da quantidade mínima de metros quadrados sugeridos na caixa da cola, o caso muda de figura... Fazem-se continhas, corta-se na quantidade da água e entra-se na aventura de imaginar qual será a quantidade de pó (embalagem sem qualquer tipo de medição) que possa corresponder ao que se precisa de água. Depois são 20 minutos de tremenda angústia, sem que no fim da contagem se possa dizer (por falta de termo de comparação) que "sim senhora, isto está no ponto!"...

Bruxedo número 2: a logística! Alguém me explica como é possível cortar tiras de 2 metros de papel e ensopá-las de cola, não tendo nem um x-acto nem uma base para cortar sem riscar a mesa, o tapete ou o sofá, nem sequer ter área útil de chão para fazê-lo?? As pessoas normais costumam ter sempre um bocadinho de chão livre em casa onde até se podem deitar se quiserem. Pois, mas eu por momentos achei que a minha micro-casa esticava, de acordo com certas necessidades pontuais! Que pouco visionária que eu fui...

Bruxedo número 3: a colocação propriamente dita! Praticamente tive de pôr o sofá fora de casa por umas horas e estive a pontos de ir chamar todas as minhas vizinhas para me socorrerem. Mas, verdade seja dita, para entrar cada uma delas era preciso sair, à vez, a televisão, a mesa, o candeeiro, and so on and so on... Definitivamente, a minha sala é interdita a mais de três pessoas ou duas, caso se esteja a pôr papel de parede! E depois a cola secava antes do tempo... e depois eram as bolhas, meu Deus, as bolhas... ora porque o papel não tinha cola, ora porque tinha cola a mais... E a junção? E as medidas mal tiradas que, por pouco, não estragavam toda uma obra-prima do trabalho manual? Desespero ao serão de um dia de semana...

A minha querida amiga e roomate juntou-se a mim nesta aventura ímpar, claro, confiante e entusiasta. Pois se até aquelas bonecas sem-sal do Querido Mudei a Casa conseguem com tanta facilidade porque é que não haveríamos de conseguir também? Resposta simples: porque às tantas nem eu aguentava mais de calor e praticamente não tinha mais nada para despir, nem as mãos dela tinham por onde inchar mais (alergia à cola?) e nem nenhuma das duas conseguia inventar mais posições estranhas que facilitassem a tarefa.

Conclusão: metade ficou por fazer. Fazia-se tarde. Ficou o desconsolo de ir para a cama com meia parede com papel (mal posto) e outra metade ainda verde (mas um verde que nem sequer ficava bem com os tons do papel). Fora os remates não feitos, os instrumentos não limpos e a bagunça instalada no meu micro-2º esq...

O desconforto e a falta de coragem mantiveram-se até esta semana. No domingo passado decidi (outra vez a Mulher Aranha) que a minha sala ia ter um face lift e acabei o servicinho! Desta vez sozinha e em menos de metade do tempo! No fim, o resultado é compensatório e tão ou tão pouco agradável à vista que dou por mim a só querer estar em casa a olhar feita parva para a paredezinha de 5 metros quadrados. E dormir encostadinha a ela! E acordar toda partida no dia seguinte, por falta de condições para dormir na sala...

Mas seja como for, se algum dia pensarem em pôr papel de parede em casa, por favor tenham em conta o seguinte:

1: não me peçam ajuda (fiquei traumatizada);
2: não tenham mais nada para fazer nesse dia;
3: não se informem previamente sobre a trabalheira que vão ter, caso um dia queiram retirar o mesmo papel de parede! Ai, se eu soubesse o que sei hoje!

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