Demasiada. Não uma, não duas, não três, foram já várias as vezes em que perdi a compostura no meu novo escritório de há sete meses para cá. Não sei se é por estar longe (e não estou assim tanto), mas receber as novidades por um e-mail escarrapachado no ecrã ou por via do fio telefónico enrolado parece que tem outro impacto. Ou então tem simplesmente o impacto justo para quem não está fisicamente presente e não pode abraçar, apertar, chorar de alegria ou tristeza, olhar nos olhos... enfim, partilhar.
Hoje foi mais um dois-em-um. Uma barriga a crescer e um compromisso a dar um novo passo - um anel, uma festa, um monte de planos e projectos agora a três. E eu sei-o por telefone, por entre as papeladas e as reuniões próprias de uma segunda-feira apocalíptica e desumana - assim me é contada a maior das humanidades: o amor, a procriação, o caminho. Começo a ver desfocado (porque os olhos se me empapam) e no entanto não posso sair daqui e ir a correr dar aquele devido aperto que dá quem está feliz com a felicidade alheia e deseja a maior sorte a quem a merece. Nestas coisas, a distância é chatinha.
A esta menina que hoje me deu a notícia "bac" conheço-a quase há tanto tempo quanto me conheço a mim. Ela era (a) amiga da minha idade no Verão e nem por isso éramos inseparáveis. Ainda assim, sempre nos acompanhámos de perto, desde os tempos dos laçarotes na cabeça e dos Jogos de Verão, passando pelos Bon Jovi e a Rádio Voz de Almada, as botas All Star e os calzoni italianos, os amores platónicos e os desamores fatídicos. Mais tarde também nas afirmações dos vinte-e-alguns anos, nas mudanças radicais e na incessante perseguição à realização pessoal - sempre com o interesse e a fidelidade que distinguem uma Amizade de um mero conhecimento. Até aos dias de hoje, de meninas que se querem crescidinhas e que resistem a sê-lo. Até agora.
Hoje, esta menina da minha idade estava feliz ao telefone. E eu, ainda que à distância, arrebanhei parte dessa felicidade para mim e fi-la minha. Gritei para dentro de emoção e uma vez mais desejei ter braços de 600 km de comprimento para abraçar e sentir esta bonita verdade de perto. (Parabéns).
segunda-feira, 29 de março de 2010
emoção à distância
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