- Será que resulta rezar o tal do Responso a Sto António para ter de volta aquilo que se julga perdido (sem rodeios, a vontade de uma pessoa se apaixonar outra vez)?
- Existem pessoas que têm certos poderes. E dentro dessas há aquelas que nos conhecem tão bem que basta perguntarem em tom de dúvida “estás bem?” para nos fazerem automaticamente acreditar que há realmente algo de errado – mesmo quando temos quase a certeza de que não há nada a apontar e tal é a convicção com que perguntam, à espera apenas de uma confirmação das suas suspeitas.
- As conversas sobre pessoas (família ou amigos de alguém) que estão ou foram para o hospital com problemas graves de saúde são invariavelmente as mesmas... Nunca se sabe muito bem o que perguntar ou como abordar o tema. E então, regra geral, acha-se que perguntar “em que hospital está ele/ela?” pode ser um ponto importante a referenciar...
- Nunca é um bom momento para se acabarem os agrafos do agrafador. Fica-se sempre a agrafar no vazio e ainda por cima deixa marcas feias.
quarta-feira, 30 de julho de 2008
Observações Várias
segunda-feira, 28 de julho de 2008
20 pics!
Faz de conta que os tópicos que se seguem são fotografias do fim de semana que passei em Sines e arredores, a pretexto do Festival de Músicas do Mundo 2008.
1) a praia semi-deserta que heróicamente descobrimos, após várias incursões desnorteadas e mapas precários - fica lá para os lados de Sto André mas não revelo nomes; os banhos intermináveis e toda a paz do mundo nos corpos flutuantes sob as ondulações ainda intactas; as sestas, as cores, as conversas; as sandes de presunto estranho; a fruta...
2) o concerto dos The Dizu Plaatjies Ibuyambo Ensemble – os xaca zulu do mundo sairam às ruas de Sines e deram o pontapé de saída para uma noite mágica;
3) o porto de Sines com a luz do cair do dia e a multidão a aproximar-se, ecléctica; 4) os caracóis e as (muitas) cervejas bebidas (este festival ainda não sofre de inflacção aguda); a espera interminável na Tasca do Carlitos por um jantar que se previa ser feijoadinha de choco mas que acabou em 15 cm de uma pizza congelada e aquecida (não muito) num famigerado micro-ondas;
5) o concerto arrebatador da maliana Rokia Traoré, a mulher zebra - simplesmente brutal;
6) as veggie pitas e os pita burguers servidos pelo Mário;
7) as gargalhadas;
8) as danças despreconceituosas dos hippies, dos freaks, dos betinhos, dos velhos do Alentejo e das crianças de todo o mundo;
9) "personagens" várias a cada dois metros de deambulação;
10) o percurso de subida/descida do e para o castelo – contaminado por bancas de artesanato de se perder fortemente a cabeça (e só não perder o dinheiro porque o multibanco também já não tinha);
11) o percurso de volta até ao carro, no auge da euforia, da multidão e também dos estados ébrios, por entre gauffres gordurosos, pães com chouriço, calças indianas e carrinhos de bebé;
12) as gargalhadas outra vez;
13) uma das várias paragens em plena via rápida, para alívio das dores e indisposições várias transportadas, num percurso que devia tardar não mais do que quinze minutos mas pareceu (e foi?) uma eternidade;
14) a montagem das tendas mais rápidas e eficazes da história, mas mesmo assim com direito a enrolamentos e tropeções vários, proporcionando performances consideravelmente desengonçadas e consequentemente cómicas;
15) de novo as gargalhadas;
16) o amanhecer na praia ao som das ondas que pareciam cascas de ovos a quebrarem antes de embaterem na areia;
17) o pescador náufrago de cabelo comprido à beira-mar e o sapato negro abandonado;
18) os "locals", em especial a velhinha de muletas e boné da Junta de Freguesia que à beirinha da via-rápida revela estar a caminho da festa, sim, mas a da Nossa Senhora de Livramento (um grande bem haja a esta senhora encantadora e o desejo de que tenha chegado aos festejos sã e salva);
19) vários freaks em pose desordenada, para uma sessão intensa de “Descubra as Diferenças” com os amigos;
20) o pôr do sol no regresso à capital, ao som das músicas mais vibrantes do mundo e da nostalgia mais antecipada de sempre. Estes fins-de-semana fazem mal à saúde...
sexta-feira, 25 de julho de 2008
segunda-feira, 21 de julho de 2008
Delta Tejo 2008
Um fim de tarde quente, uma companhia inesperada a juntar à pandilha que já se aguardava.
Um lugar quase forçado, em mata seca usurpada por zona residencial profundamente inóspita. A cada passo, um novo ajuntamento de pessoas em delírio colectivo - festa irrevogavelmente dedicada aos brasileiros. Calhaus enormes no caminho que leva ao centro nevrálgico das festividades e que riducularizam a minuciosa revista individual feita à entrada do recinto.
Um cansaço extremo acumulado, uma cerveja para disfarçar.
Um concerto e outro e outro.
Um estômago vazio. Um cachorro sem salsicha para aconchegar. Outro café e mais um concerto.
Um estado de fraqueza demolidora e o inevitável repouso do guerreiro. Pronto, já chega, siga a marinha. Pessoas estranhas e eufóricas a contrastarem com um estado de espírito pessoal que se quer solto mas que a demência do corpo não deixa alcançar.
A vontade de ir para casa e o enjoo por pensar na semana de trabalho que já bate à porta.
O tão esperado concerto e o inexpectável abandono quando ainda não chegou ao fim.
O desespero pela falta de uma cama.
O cachorro sem salsicha às voltas no estômago e os cafés em triplos mortais.
O adeus, até para o ano. Ou talvez não.
Moral da história: nunca ir ao último dia de um festival quando este calha a ser num domingo e quando os cabeça de cartaz são a maior banda de música axê do momento, capaz de arrastar multidões vindas do próprio Brasil – evita-se assim a sensação de “carta fora do baralho” ou de ida à nossa senhora da asneira. Ou nunca ir a um festival a um domingo quando a sexta e o sábado anteriores foram particularmente destrutivos... Porque há dias em que, por mais que se lute, simplesmente não dá.
sexta-feira, 18 de julho de 2008
Tudo por um Clássico*
- Gostava de ter uma Vespa...
- Giro... são do meu tempo. O tio Pedro tinha uma!
- Ah sim? E onde está ela?
- Ó filha, foi roubada há quarenta anos!
- Hmm... que pena. E o carocha verde que era da avó Luísa e do avô Fernando? Que é feito dele?
- Estás a fazer confusão, a avó tinha um carocha beije e o avô um mini verde...
- Ah, pois era... E onde estão?
- Que melga! Morreram.
- Deviam ter guardado isso...
...
(Rita has just signed out)
* Conversa com a minha mãe, via messenger.
quarta-feira, 16 de julho de 2008
Algo de errado
Há calor, há cerveja fresca, há chinelos, há luz até tarde e o frenesim dos dias longos, há cheiro a turistas e a artesanato, há miradouros apinhados, há vontade de viver – daquela que só o Verão traz – há despertares sem depressões nem olheiras mesmo depois de escassas horas de sono, há energia que vem da planta dos pés aos cabelos e que não derrete com o calor, há a nostalgia antecipada - mas boa - de uma certa janela no tempo que ainda não se fechou mas que já deixa saudades. Porém, há algo de errado em tudo isto. Acho que é o cheiro do meu Verão que não se mistura com o teu. A minha energia que não se funde na tua. A luz longa de cada dia que ilumina várias caras, mas nunca a tua. Não chegamos ao fim do dia exaustos de tanto calor - mas juntos. Não brindamos à vontade de viver. Tu não existes. Ou não estás. Nem sabes se vais estar. Nem te interessa se estiveste. É... acho que é só isso que não está muito bem. Só.
terça-feira, 15 de julho de 2008
segunda-feira, 14 de julho de 2008
Chamada de Atenção
Sobrinha 1 (de dois anos, em pleno edifício sede da Caixa Geral de Depósitos, já lá iam três horas de espera):
- Quelo um bolo...
- Tá bem, vamos procurar um café aqui dentro desta casa grande... – que às crianças irrequietas em ambientes formais dá-se-lhes de tudo para que se mantenham bem caladinhas e não passem à fase do histerismo. Um mínimo deslize pode ser fatal.
Já na cafetaria:
- São dois queques, por favor – um para a sobrinha 1 e outro para a sobrinha 2.
Sobrinha 1 (a que lançou o mote), bem atenta:
- Não, mim não quel’um queque, quel’um bolo! – e a ameaçar partir para a violência.
Com o inútil ar de quem tinha a solução perfeita para todos os males do mundo, tento explicar que um queque também é um bolo.
Sobrinha 1:
- Não! Mim quel’um bolo...
Eu, novamente:
- Pronto, ‘tá bem... então é um queque e um bolo, se faz favor. A senhora da cafetaria, graças a deus apercebe-se do drama e colabora (um queque e uma madalena, então).
Sobrinha 2, olhando quase com nojo para o queque que lhe compete:
- Não gosto disto! – e aponta para a amêndoa. Tira-se a amêndoa e o assunto parece resolvido.
Sobrinha 1, com ar desconfiado:
- Mim não quel’um queque... é um bolo, pois é?
- É, pois ... é um bolo, não é um queque. A mana é que come o queque... E o bolo está aqui... hmm, que bom! Põe-se o guardanapo... à volta do BOLO... ai que giro que fica... e pronto, está aqui O BOLO!
Sobrinha 1, ainda desconfortável:
- Num é queque, pois não?
- Não, meu amor, é um BOLO e é muita bom!
Dez minutos depois, quando tudo parecia correr sobre rodas, sobrinha 1:
- Mim não quele mais...
quinta-feira, 10 de julho de 2008
Ontem, numa casa de fados...
Beijar quem nos faz sofrer:
Antes morrer sem saber
O que é um beijo de amor.
Ah, desgraça!
terça-feira, 8 de julho de 2008
segunda-feira, 7 de julho de 2008
Sobre o príncipe encantado...
Uma pessoa aqui de grinalda posta e o gajo a ver onde terá deixado o pónei!
terça-feira, 1 de julho de 2008
Como estoirar mais de 200€ numa hora?
É muito fácil. Na verdade é tão fácil, tão fácil que nem ninguém se dá ao trabalho de o fazer, por isso atenção a esta dica. Para viver a hora e meia mais cara da história, basta ter comprado o bilhete de avião de regresso para o dia anterior... e na hora de entrar no avião ser levado por uma funcionária em fúria, como se de algum terrorista se tratasse! Porque "nada a fazer, esse bilhete era do voo de ontem".
Em seguida, e após breves segundos de pânico e sem direito a despedida dos restantes companheiros de viagem, o melhor é mesmo começar a largar dinheiro em tudo o que se possa - a saber cacifos para a mala, chamadas telefónicas, idas à internet desesperadas e garrafas de água para acalmar o nervo. E, cerca de uma hora uma hora e meia depois, dar o remate final e comprar novo regresso a casa por quase 200€ ("e é se for já a correr para o balcão 21 e depois novamente a correr para a porta de embarque")! Simples não?
É garantido! E tudo isto por apenas três horas de atraso no trabalho.
Como é que não me lembrei disto antes??